O dono da rede social X e da Tesla, Elon Musk, terá desligado, durante o último ano, o sistema de satélites de comunicações Starlink para impedir um ataque com recurso a drones submarinos da Ucrânia à frota naval da Rússia junto da Crimeia. 

A revelação é contada esta quinta-feira pela CNN internacional, que divulgou um excerto da biografia oficial de Elon Musk escrita pelo jornalista Walter Isaacson — e que será publicada a 12 de setembro.

Com o Starlink desligado, a Ucrânia, que planeava lançar um ataque com drones submarinos contra a frota naval russa, não pôde fazê-lo, porque o sistema de comunicações perdeu acesso à internet e os drones submarinos não conseguiam atingir o alvo.

Na base da decisão de Elon Musk, estava o receio do magnata de que a Rússia respondesse ao ataque com armas nucleares, receando um “mini-Pearl Harbor”.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quinto episódio da série em podcast “Um Espião no Kremlin”, a história escondida de como Putin montou uma teia de poder e guerra. Pode ainda ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo episódio aqui, o terceiro episódio aqui e o quarto episódio aqui.]

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E esta revelação já motivou reações. O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-Presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, elogiou a decisão. “Ele estava preocupado com um ataque nuclear de retaliação. Se o que Isaacson escreveu no livro é verdade, parece que Musk é a última mente sã da América do Norte.”

“Ou, pelo menos, numa América com género neutro, ele é o único com tomates”, escreveu Dmitry Medvedev na sua conta pessoal do X (antigo Twitter).

Em sentido inverso, o conselheiro da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, deixou duras críticas. “Às vezes, um erro é muito mais do que um erro. Ao não permitir que os drones ucranianos destruam parte da frota militar russa, [Elon Musk] permitiu que essa frota disparasse mísseis para cidades ucranianas.”

“É o preço de um cocktail de ignorância e de ego grande”, atirou Mykhailo Podolyak a Elon Musk, que deixou uma questão no ar: “Porquê é que algumas pessoas querem defender desesperadamente criminosos de guerra e os seus desejos de cometer homicídios?”

Na biografia publicada no próximo 12 de setembro, o magnata revelará alguns detalhes sobre o papel que teve durante a invasão da Ucrânia. Numa conversa com Walter Isaacson, Elon Musk perguntou-se o motivo pelo qual participava nesta guerra e também explicou por é que não apoiava ataques ucranianos. “O Starlink não foi feito para guerras. Foi feito para que as pessoas possam ver Netflix, descansar, ir à escola online e fazer coisas pacíficas — não ataques com drones.”