“Desde um lugar paradisíaco”, a ligação ribeirinha entre Loures, Vila Franca de Xira e Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa deixou elogios às medidas do Governo para os jovens, anunciadas esta quarta-feira por António Costa. “Todas as medidas são positivas”, disse, elencando o IRS zero e a devolução de propinas. Contudo, o Presidente da República lembrou que ainda persistem alguns “problemas de habitação na juventude”.

Em Loures, o Chefe de Estado ressalvou que aquelas medidas foram apenas para jovens: “Há outras coisas, há mais mundo para além dos jovens”. Questionado pelos jornalistas sobre a extensão do IVA zero para produtos alimentares, Marcelo Rebelo repetiu os elogios. “Por mais pequena que seja a intervenção, por muito pouco que seja, há muitos portugueses que têm muito pouco e isso faz a diferença.”

Sobre o facto de António Costa se assumir como um “otimista irritante”, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a diferenças de opiniões. “É mais otimista do que eu. Eu baixo sempre as expectativas, não espero muito. O primeiro-ministro coloca sempre a fasquia muito alta e eu pergunto-lhe se não é alta demais”, notou o Presidente da República.

Para a rentrée política — cuja existência Marcelo Rebelo de Sousa definiu como “boa” — o Presidente da República disse que cabe agora ao Governo decidir por onde quer ir. Mas deixou um reparo: estas medidas dão “jeito em termos eleitorais”, recordando que “outros partidos também anunciariam promessas e sugestões”. “É evidente que quando se aproximam eleições — daqui a 20 dias na Madeira e daqui a oito meses [europeias] — os portugueses aguçam o seu olhar para saber se pode haver mais.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, o Chefe de Estado quis deixar bem claro que “nunca” achou que o Presidente da República fosse “Governo”. “Neste sistema semipresidencial, cada um exerce os seus poderes. O poder do Governo é naturalmente governar Portugal. O Presidente da República tem um poder moderador, de controladeiro e controlador”, clarificou.

No que diz respeito ao Conselho de Estado e ao alegado silêncio de António Costa, o Presidente da República não quis deixar mais comentários. “A minha imaginação ficou esgotada com o que disse ontem [esta quarta-feira]”, indicando ainda que não gosta de “manter querelas” com “órgãos de soberania, autárquicos e regionais”: “Não faz sentido”.

Escudando-se de várias perguntas com elogios ao local onde estava, o Chefe de Estado recordou que as pessoas “não acreditavam” na ligação ribeirinha entre Loures, Vila Franca de Xira e Lisboa, pensada originalmente para a Jornada Mundial da Juventude. “Arranja-se aquilo para o Papa, o Papa vai-se embora” e ficava tudo ao abandono, algo que, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu, não aconteceu, como prova esta obra, salientando que vai passear na ligação ribeirinha.

Relativamente à visita de António Costa ao Papa Francisco, Marcelo Rebelo de Sousa indicou que recebeu uma “carta” após a realização da Jornada Mundial da Juventude: “Satisfaz-me muito porque ele disse que reza por mim. Isso deu-me uma segurança acrescida”.