A economia europeia continua a “mostrar resiliência” mas está a “perder ímpeto”, diz a Comissão Europeia num relatório intercalar de previsões económicas divulgado esta segunda-feira. O crescimento na zona euro em 2023 deverá ser de apenas 0,8%, de acordo com estas novas previsões, menos do que os 1,1% anteriormente previstos.

O relatório inclui apenas projeções para as maiores economias europeias, não atualiza os números para Portugal. A previsão de crescimento na zona euro é revista em baixa não só para 2023 como para 2024. Este ano o aumento do produto económico será de 0,8% e 1,3% em 2024, menos do que os 1,1% e 1,6% anteriormente previstos.

É uma mudança que se justifica pela atividade económica “muito fraca” registada nos últimos meses, na zona euro.

“A economia da UE continua a mostrar resistência face aos choques formidáveis que sofreu nos últimos anos, mas perdeu dinamismo. A atividade económica na UE foi muito fraca no primeiro semestre de 2023”, diz a Comissão Europeia.

Quanto à inflação, admite-se um valor ligeiramente mais baixo em 2023: 5,6% (contra os anteriores 5,8%) mas a previsão para 2024 até é aumentada em uma décima de ponto percentual para 2,9%.

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Bruxelas ressalva que estas previsões são ainda “envoltas por uma enorme incerteza” devido às “preocupações geopolíticas e económicas globais”, nomeadamente relacionadas com a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

A 15 de maio a Comissão Europeia previu que a economia portuguesa cresça 2,4% em 2023. Esta projeção não foi atualizada nos dados divulgados esta segunda-feira.

Bruxelas admite impacto económico de vagas de calor e cheias em Portugal

A Comissão Europeia admitiu esta segunda-feira o impacto económico de fenómenos meteorológicos extremos, como vagas de calor e cheias, em países do sul da Europa como Portugal, nomeadamente para o turismo, pedindo medidas para combate às alterações climáticas.

É claro que há um impacto na economia e o impacto é direto. As pessoas são afetadas, os territórios são afetados, há custos de reconstrução de zonas inteiras em diferentes países, e depois há vários impactos indiretos na economia, dependendo também das zonas que são afetadas e das suas características, e isto é algo que tem influenciado um certo número de países europeus”, elencou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.

Falando em conferência de imprensa em Bruxelas no dia em que o executivo comunitário publicou as previsões económicas de verão, e respondendo a uma questão da Lusa, o responsável precisou que, “recentemente, Portugal, Itália, Eslovénia, Grécia, […] mas, num passado recente, a Bélgica, a Alemanha e outros países” foram afetados por fenómenos como vagas de calor propícias a incêndios florestais, cheias provocadas por elevados níveis de precipitação, entre outros.

Portanto, este é um desafio para nós. Temos fundos disponíveis, temos um mecanismo europeu de reação que funciona bem, como o Mecanismo de Proteção Civil, mas o acentuar deste problema é algo que temos de resolver, não é algo que eu possa resolver com algumas palavras”, referiu Paolo Gentiloni.

E avisou: “Se mencionamos o risco climático como um risco macroeconómico potencial para a economia, devemos levá-lo muito a sério”.

Ainda relativamente a Portugal, e quando questionado sobre a crise da habitação no país, Paolo Gentiloni assinalou que as anteriores previsões económicas, divulgadas em maio passado, já continham “a questão da habitação considerada entre as dificuldades”. “Isto é, penso eu, algo de que as autoridades [portuguesas] estão bem conscientes”, adiantou.