O orgulho nacional tem leituras diferentes por parte dos dois mais altos representantes do país. Se para o Presidente da República “we are fado, bacalhau”, “we have a soul, we are Cristiano Ronaldo”, para o primeiro-ministro o problema é que somos tudo isto mas não todos os dias. Mas António Costa acredita que a execução do PRR vem para “treinar” o país a ser “excecional” no dia a dia — e até já faz mais do que a tinta verde atirada ao ministro do Ambiente. Deixou mesmo um “habituem-se” à sala de responsáveis políticos, autarcas e os parceiros que vão pôr as mãos no dinheiro comunitário: este modelo de fundos comunitários mais focados e de execução curta veio para ficar.

O primeiro-ministro esteve na apresentação da reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência, criado durante a pandemia pela Comissão Europeia e revisto agora depois de um último ano e meio de guerra, inflação crescente e juros galopantes. Para Portugal, o PRR aumenta em 33%, de 16,6 mil milhões para 22,2 mil milhões de euros, entre subvenções e empréstimos. E a preocupação quanto à execução de tudo isto tem sido uma pressão constante sobre o Governo, muito imposta pelo Presidente da República que já fez até sessões públicas a exigir prestação de contas por parte da equipa de Costa.

“Alguns ficam angustiados, eu fico estimulado”, atirou esta tarde o primeiro-ministro sem nomear ninguém. A pressão presidencial tem sido uma constante, com Marcelo a chegar mesmo a ameaçar publicamente a ministra da Coesão sobre eventuais falhanços na execução: “Não lhe perdoo”. Até agora o Governo gaba-se de já ter 86% das verbas do plano inicial aprovadas ou em execução.

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