A Associação Causa Pública vai ser formalmente constituída no sábado, em Lisboa, definindo-se como progressista e tendo como objetivo principal propor políticas que equipem a esquerda, sobretudo nas próximas décadas, após o atual Governo de António Costa.

Fazem parte da comissão instaladora do think-tank “Causa Pública” os ex-ministros socialistas Alexandra Leitão e Paulo Pedroso, o antigo secretário de Estado e professor de Economia José Reis, a antiga deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago e Rogério Moreira (ex-dirigente do PCP, BE e Manifesto). A assembleia geral fundadora vai decorrer no sábado, a partir das 10h00, no Liceu Camões.

A associação Causa Pública não nasce para discutir táticas político-partidárias. Procura antes ser um interlocutor, a partir da cidadania, com as políticas à esquerda, numa perspetiva essencialmente de futuro e de mudança estrutural. Une-nos a ideia de que Portugal precisa de reformas estruturais progressistas”, afirmou Paulo Pedroso em declarações à agência Lusa.

Interrogado se esta nova associação pretende preparar as diferentes forças de esquerda para um período após o fim da atual solução governativa socialista de maioria absoluta, Paulo Pedroso, e ex-militante e dirigente do PS respondeu: “António Costa pode vir a ter muito futuro, mas, hoje, aquilo que as pessoas chamam de costismo é o presente”. “O que estamos a falar não é para esta legislatura. É para as próximas duas décadas”, frisou.

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Porta-voz do PS sob a liderança de Ferro Rodrigues (2002/2004), Paulo Pedroso sustentou que “as esquerdas têm o dever perante o país de procurarem não apenas manter o modelo de estado social, mas adicionar governação económica, sustentabilidade ambiental e capacidade de enfrentar novos problemas sociais”.

Entendemos que podemos participar nesse debate sobre o futuro discutindo e produzindo ideias que ficam no espaço público. Depois, cada partido que entender pronunciar-se sobre elas, fá-lo-á à sua maneira. Mas não nascemos para interferir no xadrez político. Nascemos para influenciar o debate público através do lançamento e circulação de ideias de futuro”, insistiu.

De acordo com Paulo Pedroso, o momento político fundador da Associação Causa Pública foi dividido em dois pontos.

Agora, no sábado, vamos tratar da eleição dos órgãos sociais e ter um primeiro debate sobre as prioridades de ação. No fim de outubro, vamos lançar um fórum, onde serão discutidas as prioridades consensualizadas na reunião da assembleia fundadora deste sábado”, disse.

Entre os 110 fundadores da Associação Causa Pública estão o vice-presidente da bancada do PS Pedro Delgado Alves, a deputada socialista Isabel Moreira, o economista Ricardo Pais Mamede, o jornalista Daniel Oliveira, o arquiteto Tiago Mota Saraiva, Paula Marques (vereadora independente na Câmara de Lisboa), Isabel do Carmo (médica), o advogado Ricardo Sá Fernandes, o antigo deputado do BE João Teixeira Lopes e Miguel Vale de Almeida, que foi deputado independente pelo PS.

Paulo Pedroso salientou que a comissão instaladora vai propor que a associação adote quatro áreas prioritárias “de pensamento: Economia e modelo de desenvolvimento; sistema de justiça e qualidade da democracia; desafios ambientais; trabalho, direitos sociais e inclusão”.

Se a proposta for aceite, serão essas as quatro áreas em que se iniciará a reflexão a fazer no fórum do último fim de semana de outubro. No próximo trimestre, teremos iniciativas públicas e vamos ter uma presença permanente nas redes sociais a partir de outubro. Vamos lançar um podcast e, a par, teremos as iniciativas clássicas de debates, o que faremos com grande regularidade”, referiu.

Ainda neste capítulo de organização e funcionamento, o antigo ministro socialista adiantou que, em paralelo, vão surgir também “quatro temáticas de curto prazo a propor já neste sábado: fiscalidade, habitação, saúde e educação”.

“Temos dois núcleos importantes de pessoas que julgamos disporem de bastantes contributos para dar em matérias de políticas de saúde e de educação”, acrescentou.