Treze pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas num incêndio em duas discotecas da cidade de Murcia, no sul de Espanha. Inicialmente, os serviços de emergência davam conta de que podiam existir mais mortos e que ainda havia pessoas que se encontram desaparecidas. No entanto, esta segunda-feira, a agência de notícias espanhola EFE avançava que todas as pessoas cujo paradeiro não era conhecido após o fogo tinham sido encontradas.

O autarca de Murcia, José Ballesta, adiantou, esta segunda-feira às 12h00 (menos uma hora em Lisboa), que “provavelmente não há mais desaparecidos”, porque a situação já estava controlada. Ainda assim, o responsável frisou que nem todos os cadáveres encontrados tinham sido identificados. O motivo? Os corpos estão “muito carbonizados”, sendo que “os melhores especialistas da Polícia Nacional” estão empenhados em tentar verificar asua  identidade.

Para além disso, o antigo vereador da área do urbanismo da autarquia de Murcia, Andrés Guerrero, veio detalhar que as discotecas Teatre e Fonda Milagras, onde ocorreram os incêndios, não tinham uma licença de funcionamento municipal válida — e já deviam estar encerradas pelo menos desde janeiro de 2022.

Assim sendo, a autarquia de Murcia planeia processar a empresa que gere as discotecas. “O que estamos a fazer é apurar todas as responsabilidades. Vamos a comparecer perante a justiça, não apenas para aportar toda a informação como também com uma acusação particular contra quem incumpriu com a ordem de encerramento”, afirmou o vereador Antonio Navarro, vereador da área da Planificação Urbana e Meio Ambiente na autarquia de Murcia.

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“A empresa é responsável, sem qualquer dúvida, de não ter cumprir com as ordens de encerramento. Este é um Estado de direito e cada um tem de assumir a sua responsabilidade”, prosseguiu Antonio Navarro.

Na tarde de domingo foi conhecida uma mensagem de voz enviada por uma das desaparecidas às seis da manhã em que uma jovem de 28 anos se despede da mãe. “Vamos morrer. Amo-te mamã”. A mensagem foi revelada pelo pai da jovem que é originária de Caravaca de la Cuz, uma povoação da província de Múrcia, e que tinha ido até à cidade com vários amigos para aproveitar a vida noturna da capital da região que fica no sul de Espanha.

De acordo com o presidente da Câmara da cidade, o incêndio deflagrou na discoteca Teatre, em Murcia, por volta das 6h da manhã deste domingo, menos uma hora em Portugal Continental. No entanto, uma porta-voz do referido espaço de diversão noturna garante que o fogo não começou na Teatre mas sim na discoteca la Fonda, a partir de onde se alastrou para os espaços contíguos. O fogo, que mobilizou 40 bombeiros e 12 veículos, foi entretanto declarado extinto.

As causas do incêndio não estão ainda apuradas. As autoridades indicam que as chamas afetaram três discotecas contíguas: Teatre, Fonda Milagros e Golden. A maioria das vítimas mortais foi encontrada na Fonda Milagros.

Em declarações aos jornalistas na tarde deste domingo, o porta-voz da polícia nacional de Múrcia revelou que o fogo se propagou a partir da parte superior de dois locais, a discoteca Teatre a discoteca Fonda Milagros (…), que originalmente pertenciam ao mesmo edifício”. Segundo Diego Seral, o número de vítimas mortais permanece em aberto, uma vez que 15 pessoas foram consideradas como desaparecidas.

O porta-voz indicou também que os trabalhos de estabilização dos edifícios e de remoção dos destroços vão continuar durante, pelo menos, uma semana, prevendo-se que a investigação sobre a origem do incêndio se prolongue por vários meses.

O primeiro-ministro em funções e secretário-geral do PSOE, Pedro Sanchéz, lamentou a tragédia e expressou o seu apoio às famílias das vítimas do incêndio, através da rede social ‘X’. “O meu amor e solidariedade para com as vítimas e familiares do trágico incêndio que ocorreu esta madrugada numa discoteca em Múrcia”, escreveu.

Em memória das vítimas, o presidente da Câmara de Múrcia decretou três dias de luto, tendo o município criado uma unidade de acolhimento para os familiares das vítimas no Palácio dos Desportos de Atalaias. Em sinal de luto, também os bares e restaurantes da cidade decidiram manter as portas fechadas, anunciou a federação local de hotéis e restaurantes.

O incêndio que devastou esta madrugada a discoteca Teatre de Múrcia é o mais mortífero registado em Espanha num local de lazer, desde a tragédia vivida em 1990 na discoteca Flying, em Saragoça, onde morreram 43 pessoas.