O secretário-geral do PSD acusou esta terça-feira o primeiro-ministro de estar “enredado em contradições e perdido no que devia ser a arte de bem governar”, assemelhando-se a um “carro em contramão na autoestrada”.

Em declarações à Lusa, Hugo Soares considerou que, na entrevista à TVI e CNN na segunda-feira à noite, António Costa deu a sensação de “viver num país que não é aquele onde vivem os portugueses” e de se “esquecer que é primeiro-ministro há oito anos”.

Ele foi sério e honesto, disse que não era primeiro-ministro dos médicos, dos professores e, até ironizou, dos jornalistas. Mas médicos, jornalistas, professores, oficiais de justiça, forças de segurança são portugueses e pessoas concretas que querem ver os seus problemas resolvidos”, criticou o dirigente social-democrata.

Questionado sobre as críticas do primeiro-ministro à proposta do PSD de recuperação integral do tempo de serviço dos professores — Costa disse que era “insustentável para o país” -, o secretário-geral do PSD considerou que ficaram “absolutamente claras” duas alternativas.

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Uma primeira, que é a do Governo, de desrespeito pelos professores, de não valorização da escola pública e que convive bem com mais de 90 mil alunos sem professor a uma disciplina no início do ano letivo”, disse.

Do outro, contrapôs, está a alternativa do PSD “que fez uma escolha de assumir a valorização da escola pública” como prioridade e de “devolver autoridade e respeito pelos professores”, mas “mantendo o respeito pelas contas certas”, dizendo que o partido recusa receber lições do PS neste domínio.

Hugo Soares defendeu que a proposta do PSD “é credível e exequível” e reiterou que se os valores dessa recuperação forem os que têm sido divulgados publicamente — entre 250 e 300 milhões de euros — o partido se propõe a fazer essa recuperação do tempo de serviço de forma integral, em cinco anos, à razão de 20% ao ano.

Já na parte da entrevista relativamente à habitação, Hugo Soares lamentou que o primeiro-ministro tenha manifestado discordar do Presidente da República, dos partidos da oposição e de todos os operadores do setor, apenas “estando ao lado” dos que se manifestaram no passado fim de semana.

Isto não é ser de centro-esquerda ou de centro-direita, é uma grande hipocrisia. Só lhe faltava pegar numa bandeira e ir para a rua manifestar-se contra o Governo”, ironizou, questionando se Costa não percebeu que essa manifestação foi contra o executivo “que ele próprio dirige”.

O primeiro-ministro está enredado num conjunto de contradições e absolutamente perdido no que devia ser a arte de bem governar”, lamentou, numa referência ao título do mais recente livro do antigo Presidente da República, primeiro-ministro e líder do PSD, Aníbal Cavaco Silva.