A inflação homóloga desacelerou 0,1 pontos em setembro para 3,6%, confirmou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). O valor confirma a estimativa adiantada pelo INE a 29 de setembro, e compara com os 3,7% verificados em agosto.

O indicador de inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, registou uma variação de 4,1%, desacelerando também face aos 4,5% registados em agosto. A variação do índice dos produtos energéticos foi negativa em 4,1%, mas menos do que em agosto, (-6,5%). Já o índice relativo aos produtos alimentares não transformados desacelerou para 6,0%, face aos 6,4% registados no mês anterior.

A variação mensal do índice de preços no consumidor (IPC) foi 1,1%, que compara com os 0,3% de agosto. A variação média dos últimos doze meses diminuiu de 6,8% para 6,3%. Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), que serve para comparações europeias, baixou 0,5 pontos para 4,8%.

Inflação desacelera ligeiramente em setembro para 3,6%

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As classes com maiores contribuições positivas para a variação homóloga foram os bens alimentares e bebidas não alcoólicas. Em sentido oposto destaca-se a contribuição negativa da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis.

Por classe de despesa, o INE refere que os maiores aumentos das taxas de variação homóloga em setembro foram no setor dos transportes (2,8%) e do vestuário e calçado (0,6%). Em sentido contrário, com variações em queda, destacam-se os setores dos Restaurantes e hotéis, cujo indicador baixou de 9,2% para 6,9%, e dos acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação, que desacelerou de 4,6% para 2,9%.

No que toca ao vestuário e calçado, o INE ressalva o salto da taxa de variação mensal, que foi de 24,6% (face a -7,6% no mês anterior e 23,8% em setembro de 2022). Este é “consequência habitual do início de comercialização dos produtos da época Outono/Inverno”. Por sua vez, a classe com maior contributo negativo para a variação mensal do índice foi a dos Restaurantes e hotéis, com uma variação de -0,9% (face a 2,1% em agosto e 1,2% em setembro de 2022).

No destaque publicado esta quinta-feira, o INE inclui ainda uma caixa sobre a evolução dos preços dos bens alimentares e energéticos. Conclui-se que “em consequência dos aumentos significativos de preços durante 2022 em grande parte dos produtos considerados na amostra” do índice de preços no consumidor, “verificam-se no corrente ano reduções das taxas de variação homóloga, em parte como consequência aritmética do denominado ‘efeito de base‘”.

Assim, conclui o INE, “a análise do comportamento dos preços ao longo de 2023, incluindo o efeito da eliminação do IVA em diversos bens alimentares essenciais, e em particular das taxas de variação homóloga, deve ter em conta o impacto daqueles efeitos”.

O IPC total teve uma aceleração acentuada na primeira metade de 2022 “seguida de uma relativa estabilização no segundo semestre”, sendo que a partir de janeiro de 2023 “começa a evidenciar-se o impacto do efeito de base no comportamento das taxas de variação homóloga, resultando numa redução da variação homóloga do IPC”.

Segundo o INE, o nível médio dos preços tem-se mantido em 2023 superior ao do ano passado, estando em setembro 13,8% acima de 2021. “Para que o nível de preços regressasse a valores comparáveis aos de 2021, teria de se verificar um período com taxas de variação homóloga negativas”.

Diz ainda o INE que “em consequência, o comportamento dos preços em 2022 tem tido uma influência relevante na evolução da inflação em 2023” e “sem um novo choque que implique aumentos significativos de preços, o prolongamento da série homóloga de índices permite antecipar um abrandamento na redução da taxa de variação homóloga do IPC, consequência da relativa estabilização registada no segundo semestre de 2022”.

Concretamente na energia, verificou-se houve uma descida dos preços na segunda metade de 2022, mas desde julho de 2023 que os preços têm aumentado. Em setembro, ficaram 19,5% acima do nível médio de 2021 e 4,1% abaixo de agosto do ano anterior. Face ao mês anterior, houve um aumento de preços de 1,7% nestes produtos, “amplificado pelo efeito de base”, diz o INE, “e mantendo a trajetória de aumento da taxa homóloga registada iniciada em julho”.

Nos alimentos, em praticamente todos, seja carne, peixe, leite ou hortícolas, nota-se uma descida na taxa de variação homóloga, com excepção para os óleos e gorduras, “em que a redução de preços em setembro de 2022 (-1,3%) resultou num efeito de base relevante, amplificado pela variação positiva registada neste mês (3,6%)”.

Em maio, cerca de 40% dos produtos desta classe de alimentos passaram a estar isentos de IVA, com a entrada em vigor do IVA zero, que termina no fim do ano. Essa medida, diz o INE, explica “em parte a redução de preços registada nesse mês”.