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Os hospitais em Gaza estão a viver uma “situação-limite”: “são feitas operações e amputações no chão, sem anestesia, incluindo em crianças”, diz o diretor-geral dos Médicos Sem Fronteiras em Portugal.

À Rádio Observador, João Antunes, diz que “quando começa a haver uma escassez de quase tudo começa a ser cada vez mais difícil tomar certo tipo de decisões: que tipo de paciente é que vai receber o tratamento, qual vai receber o medicamento, que paciente é que vai ser operado e qual é que não”.

Faltam anestésicos e “literalmente fazem-se operações quase a sangue frio”, diz João Antunes. “Estamos a falar de operações feitas no chão na sala de atendimento onde há não há praticamente qualquer tipo de anestésico” para cirurgias como “amputações, que causa uma enorme dor ao paciente, incluindo crianças.”

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“Hospitais de Gaza em situação limite”

Isto é uma situação verdadeiramente limite. o passo seguinte é não conseguir fazer nada, e quando digo nada é o mínimo de cirurgias, sem medicamentos, sem pessoal, vai deixar de ser possível realizar” as intervenções médicas necessárias, acrescenta o diretor-geral dos Médicos Sem Fronteiras em Portugal.

João Antunes acrescenta que em circunstâncias normais entravam 600 ou 700 camiões de comida por semana. “Quando se dá um conflito desta natureza essa capacidade devia ser mantida e até ampliada, porque as pessoas estão deslocadas, estão a procurar refúgio, não têm água…”

Chegam medicamentos mas não em número suficiente e podem não chegar aos sítios onde são mais necessários. É preciso haver uma passagem segura para que o sistema de abastecimento continue a funcionar. Quando isso não funciona, por muitos medicamentos que cheguem – e não estão a chegar – torna-se difícil levá-los aos sítios onde são mais necessários.

O diretor-geral dos Médicos Sem Fronteiras acrescenta que “num conflito há sempre umas regras que foram aprovadas no Direito Humanitário internacional, não é algo que devia ser negociável”. “Estamos a falar de hospitais, de profissionais de saúde, de crianças, de mulheres grávidas, é um sistema de saúde que colapsou”, remata.