A remuneração bruta total mensal média por trabalhador cresceu 5,9% no terceiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2022, para 1.438 euros. Em termos reais, tendo em conta a subida dos preços, esse aumento traduziu-se num ganho de 2,4%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

O INE salienta que se trata do “quinto mês consecutivo em que são registados aumentos reais nas remunerações desde novembro de 2021”. A componente regular (que junta a remuneração base com componentes regulares como o subsídio de alimentação, diuturnidades ou prémios de caráter mensal) e a componente base subiram 6,2% e 6,6%, respetivamente, para 1.216 euros e 1.145 euros.

“Ajustando para a inflação, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), que foi de 3,5% no trimestre terminado em setembro de 2023, as remunerações analisadas (total, regular e base) registaram, respetivamente, as seguintes variações homólogas reais: +2,4%, +2,6% e +3,0%”, calcula o INE no mais recente destaque sobre a evolução das remunerações, que abrange 4,7 milhões de postos de trabalho, tanto de beneficiários da Segurança Social como de subscritores da Caixa Geral de Aposentações.

Em relação ao trimestre anterior, os preços desaceleraram (de 4,4% para 3,5%), assim como as remunerações reais (de 2,6% para 2,4%).

Em termos reais, as remunerações totais subiram na “maioria” dos setores de atividade em setembro de 2023 face ao mesmo mês de 2022, com destaque para as “indústrias extrativas” (5,8%) e “captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição” (4,4%). Porém, dois setores registaram perdas: foi o caso da “agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” (1,1%) e da “eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (0,2%).

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Salários sobem mais no privado

As subidas salariais foram maiores nas empresas mais pequenas do que nas grandes. A remuneração total real cresceu 3,5% nas empresas com um a quatro trabalhadores e 1,1% nas organizações com entre 50 e 99 trabalhadores.

As diferenças também são expressivas entre setor público e privado — as remunerações “aumentaram de forma mais expressiva” no setor privado, de acordo com o INE. No setor privado, em termos nominais, a remuneração total avançou 6,3% para 1.364 euros, o que em termos reais se traduziu num aumento homólogo de 2,8%, acima dos 2% no setor das administrações públicas (que viu o salário médio crescer 5,5% em termos nominais para 1.834 euros).

O INE tem justificado as diferenças dos níveis remuneratórios médios do público e do privado com as “diferenças no tipo de trabalho realizado”, assim como na “composição etária (com impacto na acumulação de capital humano e de experiência profissional)” e nas qualificações dos trabalhadores, que tendem a ser maiores no setor público.

“Com efeito, verifica-se que os trabalhadores do sector das AP têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados9: 55,3% dos trabalhadores neste sector tinham ensino superior (24,9% no sector privado), 26,7% tinham completado o ensino secundário ou pós- -secundário (32,3% no sector privado) e 18,0% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (42,7% no sector privado)”, indica o INE.