Quando anunciou a sua retirada das eleições presidenciais, Cristina Kirchner deixou bem claro que não seria “marioneta de quem está no poder”. E o gesto obsceno que fez no dia da tomada de posse do atual Presidente da Argentina, Javier Milei, parece mostrar que não mudou de ideias.

A reação da ex-vice-presidente da Argentina, que estava no governo desde 2019, à chegada ao Congresso Nacional, onde ocorreu, este domingo, a tomada de posse, está a gerar polémica. Não por ter escolhido um vestido vermelho, cor conotada com a esquerda, para se apresentar, mas sim pelo que fez após ter sido assobiada pelos apoiantes do ultra-liberal.

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Enquanto que aos seus simpatizantes, mandou beijos e cordiais cumprimentos, aos de Javier Milei, lançou um gesto obsceno, sem sequer se virar para os enfrentar. Ainda que, nas imagens partilhadas nos meios de comunicação locais, não seja possível perceber o que lhe foi gritado, não foi algo que lhe tivesse agradado, tendo em conta a sua reação.

Cristina Kirchner, que foi Presidente da Argentina de 2007 a 2015, foi das últimas figuras da oposição a chegar ao Congresso, acompanhada pelo filho, Maximo. No caminho para o lugar, ao lado de Martín Menem, acenou ao ex-Presidente da Argentina, Alberto Fernández, para que continuasse a caminhar.

A presidente do Senado, que foi responsável por conduzir a cerimónia da tomada de posse, foi um dos alvos do discurso de Milei, mas tal não se deveu ao gesto que fez à entrada. O economista acusou o governo anterior de ter deixado o país “na rota da hiper-inflação” e disse que ia fazer “tudo para evitar a catástrofe”, ou seja, uma inflação de 15.000% ao ano.

Em maio, Cristina Kirchner, anunciou que não seria candidata às eleições de outubro, após o chefe de Estado ter renunciado, tendo, numa nota divulgada nas redes sociais, responsabilizado o endividamento junto do Fundo Monetário Internacional (FMI) pela situação de inflação elevada, desvalorização monetária e pobreza que a Argentina está a passar.

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Além disso, referiu que a “condenação e inabilitação” que recebeu para o exercício de cargos públicos, devido às irregularidades na concessão de obras, tem uma “única tradução política e eleitoral: a proibição” de concorrer à presidência.

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Não serei uma marioneta de quem está no poder em prol de qualquer candidatura. Demonstrei, como ninguém, que dou prioridade ao projeto coletivo face às ambições pessoais“, disse na altura.