Nada foi por acaso. Às 11h desta terça-feira, o The Guardian publicou uma longa entrevista com Giorgio Chiellini. Por volta das 12h30 desta terça-feira, o jornalista Fabrizio Romano adiantou que Giorgio Chellini tinha decidido terminar a carreira. Às 15h desta terça-feira, o próprio Giorgio Chiellini confirmou o adeus aos relvados através de uma verdadeira carta de amor ao futebol.

“Foste a aventura mais bonita e mais intensa da minha vida. Foste o meu tudo. Ao teu lado trilhei um caminho único e inesquecível. Mas agora é tempo de enfrentar novos capítulos, novos desafios, e escrever mais páginas importantes e entusiasmantes da vida”, escreveu o italiano nas redes sociais, acompanhando com um vídeo que agrega alguns dos melhores momentos da carreira.

Chiellini despede-se depois de dois anos nos Estados Unidos, no LAFC, e depois de uma vida inteira na Juventus e com breves passagens por Fiorentina e Livorno. Despede-se com mais de 100 internacionalizações por Itália e um Campeonato da Europa conquistado enquanto capitão. Despede-se como um dos melhores centrais das últimas duas décadas do futebol europeu. Mas despede-se, acima de tudo, como um jogador diferenciado — algo que também ficou bem claro na forma como a própria Juventus se despediu.

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“Para a escola pitagórica nascida na Magna Grécia há mais de dois milénios, o número 3 representava a perfeição — a união entre o ímpar e o par, o triângulo que é a base de todas as figuras geométricas. Um conjunto de qualidades, de ligações, que encontra o sítio certo no tempo e no espaço. Para os adeptos da Juventus, ao longo de 17 temporadas, o número 3 representou uma única coisa: Giorgio Chiellini. Jogador, homem e capitão: três perspetivas do próprio Giorgio, que hoje termina a carreira”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo clube.

Licenciado em Economia pela Universidade de Turim e com um mestrado em Gestão de Empresas, que terminou com notas acima da média, o italiano de 39 anos não esconde que daqui para a frente pretende associar a formação académica à paixão pelo futebol. “Claro que o futebol é o meu mundo, o meu futuro. Nunca equaciono uma vida sem algo relacionado com o futebol, para ser honesto. Estou interessado no desporto enquanto negócio e no ponto de vista dos Estados Unidos”, explicou Chiellini na tal entrevista ao The Guardian.

“Cresci a pensar que tinha de ir para a universidade. Estava sozinho, estava a ler muito, estava a passar muito tempo a jogar PlayStation ou a dormir a sesta. Por que não usar esse tempo livre para continuar a estudar? Era um desafio e adoro um bom desafio. Tenho de me desafiar diariamente para poder melhorar”, acrescentou, recordando que chegou a pensar ir para Medicina, para seguir os passos do pai, e que estudava nas viagens de e para os jogos.

Depois de já ter colocado em prática o que aprendeu na universidade na pandemia, quando ajudou a desenhar a redução salarial do plantel da Juventus, o mais provável é que Giorgio Chiellini fique nos Estados Unidos — e ligado ao LAFC. “Ele sempre foi muito intencional, não só naquilo que fazia mas também na forma como falava sobre o jogo e sobre o próprio negócio. Tem noção de que como é que os contratos funcionam, de que como é que a liga está estruturada. Sempre deixou bem claro que queria continuar a trabalhar com o clube quando terminasse a carreira”, revelou Will Kuntz, diretor-geral adjunto do clube norte-americano.

Como Chiellini, o capitão que é licenciado em Economia, desenhou a redução salarial do plantel da Juventus

Essa pretensão já está em marcha e Chiellini já terá tido reuniões com os principais elementos da estrutura acionista do LAFC, que inclui Magic Johnson. “Quero saber o porquê de estas pessoas terem investido no futebol há 10 anos. Como decidir sobre a construção de um estádio, a construção de infraestruturas. Como investir 15 milhões de dólares, como tomar essas decisões importantes. Quero saber o que é que estes acionistas fizeram até aqui. Conhecer a história destas pessoas pode ajudar-me a abrir horizontes a algumas ideias para o futuro. No fim, ter informação ajuda-te a ter novas ideias, para não copiares o que já existe”, explicou o agora antigo internacional italiano, que parece ter o futuro bastante definido.