Nada foi por acaso. Às 11h desta terça-feira, o The Guardian publicou uma longa entrevista com Giorgio Chiellini. Por volta das 12h30 desta terça-feira, o jornalista Fabrizio Romano adiantou que Giorgio Chellini tinha decidido terminar a carreira. Às 15h desta terça-feira, o próprio Giorgio Chiellini confirmou o adeus aos relvados através de uma verdadeira carta de amor ao futebol.
“Foste a aventura mais bonita e mais intensa da minha vida. Foste o meu tudo. Ao teu lado trilhei um caminho único e inesquecível. Mas agora é tempo de enfrentar novos capítulos, novos desafios, e escrever mais páginas importantes e entusiasmantes da vida”, escreveu o italiano nas redes sociais, acompanhando com um vídeo que agrega alguns dos melhores momentos da carreira.
You have been the most beautiful and intense journey of my life.
You have been my everything. With you I have travelled a unique and unforgettable path.
But now it is time to start new chapters, face new challenges and write further important and exciting pages of life. pic.twitter.com/IjHDDE4jMe— Giorgio Chiellini (@chiellini) December 12, 2023
Chiellini despede-se depois de dois anos nos Estados Unidos, no LAFC, e depois de uma vida inteira na Juventus e com breves passagens por Fiorentina e Livorno. Despede-se com mais de 100 internacionalizações por Itália e um Campeonato da Europa conquistado enquanto capitão. Despede-se como um dos melhores centrais das últimas duas décadas do futebol europeu. Mas despede-se, acima de tudo, como um jogador diferenciado — algo que também ficou bem claro na forma como a própria Juventus se despediu.
“Para a escola pitagórica nascida na Magna Grécia há mais de dois milénios, o número 3 representava a perfeição — a união entre o ímpar e o par, o triângulo que é a base de todas as figuras geométricas. Um conjunto de qualidades, de ligações, que encontra o sítio certo no tempo e no espaço. Para os adeptos da Juventus, ao longo de 17 temporadas, o número 3 representou uma única coisa: Giorgio Chiellini. Jogador, homem e capitão: três perspetivas do próprio Giorgio, que hoje termina a carreira”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo clube.
Licenciado em Economia pela Universidade de Turim e com um mestrado em Gestão de Empresas, que terminou com notas acima da média, o italiano de 39 anos não esconde que daqui para a frente pretende associar a formação académica à paixão pelo futebol. “Claro que o futebol é o meu mundo, o meu futuro. Nunca equaciono uma vida sem algo relacionado com o futebol, para ser honesto. Estou interessado no desporto enquanto negócio e no ponto de vista dos Estados Unidos”, explicou Chiellini na tal entrevista ao The Guardian.
Black and white emotions we will never forget, from beginning to end 3️⃣⚪⚫
Simply, Chiello! ©???? pic.twitter.com/kKZjK3D0b6
— JuventusFC ???????????????? (@juventusfcen) December 12, 2023
“Cresci a pensar que tinha de ir para a universidade. Estava sozinho, estava a ler muito, estava a passar muito tempo a jogar PlayStation ou a dormir a sesta. Por que não usar esse tempo livre para continuar a estudar? Era um desafio e adoro um bom desafio. Tenho de me desafiar diariamente para poder melhorar”, acrescentou, recordando que chegou a pensar ir para Medicina, para seguir os passos do pai, e que estudava nas viagens de e para os jogos.
Depois de já ter colocado em prática o que aprendeu na universidade na pandemia, quando ajudou a desenhar a redução salarial do plantel da Juventus, o mais provável é que Giorgio Chiellini fique nos Estados Unidos — e ligado ao LAFC. “Ele sempre foi muito intencional, não só naquilo que fazia mas também na forma como falava sobre o jogo e sobre o próprio negócio. Tem noção de que como é que os contratos funcionam, de que como é que a liga está estruturada. Sempre deixou bem claro que queria continuar a trabalhar com o clube quando terminasse a carreira”, revelou Will Kuntz, diretor-geral adjunto do clube norte-americano.
Essa pretensão já está em marcha e Chiellini já terá tido reuniões com os principais elementos da estrutura acionista do LAFC, que inclui Magic Johnson. “Quero saber o porquê de estas pessoas terem investido no futebol há 10 anos. Como decidir sobre a construção de um estádio, a construção de infraestruturas. Como investir 15 milhões de dólares, como tomar essas decisões importantes. Quero saber o que é que estes acionistas fizeram até aqui. Conhecer a história destas pessoas pode ajudar-me a abrir horizontes a algumas ideias para o futuro. No fim, ter informação ajuda-te a ter novas ideias, para não copiares o que já existe”, explicou o agora antigo internacional italiano, que parece ter o futuro bastante definido.