Atualizado 

Há pelo menos 126 mortos e mais de 700 feridos no terramoto que atingiu o noroeste da China, segundo a estação de televisão estatal, informou a imprensa estatal.

O terramoto ocorreu às 23h59 de segunda-feira (15h59, em Lisboa) concretiza a BBC e teve o seu epicentro na fronteira entre as províncias de Gansu e Qinghai, a cerca de 1.300 quilómetros a sudoeste de Pequim, a capital da China, a uma profundidade de dez quilómetros, numa zona remota e fria do país, segundo o Centro da Rede Sismológica da China.

Até às 10 horas da manhã – cerca de 10 horas após o terramoto inicial – registaram-se nove réplicas, a maior das quais com uma magnitude de 4,1, informaram as autoridades.

Os registos da estação meteorológica dos Estados Unidos dão nota de um sismo de magnitude de 5,9, mas as autoridades chineses apontam para um sismo de 6,2. E os registos europeus apontam para 6,1.

A temperatura em Linxia, Gansu, perto do local do sismo, estava em 15 graus Celsius abaixo de zero. A maior parte da China está com temperaturas muito baixas. Sistemas de água, eletricidade, transportes, comunicações e outras infraestruturas foram, segundo a Reuters, danificadas pelo sismo. A televisão estatal chinesa CCTV informou que houve interrupções no fornecimento de água e eletricidade, bem como nas infraestruturas de transportes e comunicações.

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Já esta terça-feira, ao início da manhã, chegou a informação de que o governo da China atribuiu 200 milhões de yuan (cerca de 25 milhões de euros) para ajudar nos esforços de resgate e socorro.

Desse montante, 150 milhões de yuans (19,2 milhões de euros) vão ser utilizados para ajudar a província de Gansu, enquanto os outros 50 milhões de yuans (6,4 milhões de euros) vão para a vizinha província de Qinghai, informaram o ministério da Gestão de Emergências e o ministério das Finanças.

China atribui 25 milhões de euros para ajudar vítimas de terramoto que deixou 118 mortes

Gansu lançou um apelo para que fossem recrutados mais 300 trabalhadores para as operações de busca e salvamento, e as autoridades de Qinghai informaram que 20 pessoas estavam desaparecidas num deslizamento de terras, segundo a imprensa estatal chinesa.

Pelo menos 182 pessoas ficaram feridas em Qinghai e outras 536 em Gansu, detalhou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Li Haibing, um perito da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, disse que o número elevado de vítimas se deveu, em parte, ao facto de ter sido pouco profundo. “Por isso, causou mais abalos e destruição, apesar de a magnitude não ter sido grande”, afirmou.

Outros factores incluem o movimento principalmente vertical do terramoto, que provoca abalos mais violentos; a qualidade inferior dos edifícios numa zona relativamente pobre; e o facto de ter ocorrido a meio da noite, quando a maioria das pessoas estava em casa, disse Li.

O governo chinês e o ministério da Gestão de Emergências declararam um nível II de resposta ao incidente, que afetou particularmente a vila de Jishisan, em Gansu, e a cidade de Haidong, na vizinha Qinghai.

O terramoto foi sentido em Lanzhou, a capital da província de Gansu, a cerca de 100 quilómetros a nordeste do epicentro.

Os estudantes universitários de Lanzhou saíram apressadamente dos seus dormitórios e permaneceram no exterior, de acordo com publicações nas redes sociais.

Muitos vestiam apenas o pijama numa noite fria de inverno, disse Wang Xi, um estudante da Universidade de Lanzhou que partilhou as imagens.

Tendas, camas dobráveis e edredões estavam a ser enviados para a região, segundo a televisão chinesa CCTV. O Presidente chinês Xi Jinping apelou a um esforço total nos trabalhos de resgate para minimizar o número de vítimas.

epa11036783 Rescuers free earthquake victims at Kangdiao Village of Jishishan Bao'an, Dongxiang, Salar Autonomous County in Linxia Hui Autonomous Prefecture, northwest China's Gansu Province, 19 December 2023. A 6.2-magnitude earthquake struck northwest China's Gansu Province at midnight Monday, killing 105 people in the province, according to the Fire and Rescue Department of Gansu. EPA/XINHUA / Fire and Rescue Department of Gansu CHINA OUT / UK AND IRELAND OUT / MANDATORY CREDIT EDITORIAL USE ONLY EDITORIAL USE ONLY

Um vídeo publicado pelo ministério da Gestão de Emergências mostrou trabalhadores em uniformes cor de laranja a usar varas para tentar mover pedaços pesados de betão durante a noite. Outros vídeos difundidos pela imprensa mostram trabalhadores a levantar uma vítima e a ajudar uma pessoa ligeiramente cambaleante a andar, numa área coberta de neve.

O estudante do ensino secundário Ma Shijun saiu a correr do seu dormitório, descalço, sem sequer vestir um casaco, contou a Xinhua. Os fortes tremores deixaram as suas mãos dormentes e os professores rapidamente organizaram os alunos no recreio.

Os terramotos são comuns no noroeste da China, uma região montanhosa que se ergue para formar o limite oriental do planalto tibetano.

Em setembro de 2022, pelo menos 74 pessoas morreram num terramoto de magnitude 6,8 que abalou a província de Sichuan, no sudoeste da China, provocando deslizamentos de terras e abalando edifícios na capital da província, Chengdu, onde 21 milhões de habitantes se encontravam em confinamento devido a um surto de Covid-19.

O terramoto mais mortífero da China nos últimos anos foi um de magnitude 7,9, ocorrido em 2008, que matou quase 90.000 pessoas em Sichuan. O tremor devastou cidades, escolas e comunidades rurais nos arredores de Chengdu, levando a um esforço de reconstrução com materiais mais resistentes que durou anos.