O líder da OJM, estrutura juvenil da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder), Silva Livone, acusou o candidato presidencial Venâncio Mondlane de se reunir com “colonialistas” na sua visita a Portugal, referindo-se ao Chega.
“Foi lá na Europa e foi reunir com um partido que são aqueles colonialistas. E lá na Europa ele disse que quando ganhar as eleições vai trazer aqueles de volta e vai pedir desculpa ao colono por nós os termos expulsado daqui. É isso que vocês querem”, questionou o secretário-geral da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), num encontro na quinta-feira, na província de Tete, com apoiantes da Frelimo.
O político Venâncio Mondlane, ex-deputado e ex-membro da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição) é um dos quatro que concorre ao cargo de Presidente da República nas eleições gerais de 9 de outubro em Moçambique e a 23 de julho reuniu-se em Lisboa com o vice-presidente do partido Chega, Diogo Pacheco de Amorim, e no dia seguinte com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Eu penso que esta atitude de um moçambicano se juntar a um partido extremamente violento de Portugal, se Mondlane [primeiro presidente da Frelimo] está onde está, se Samora Machel [primeiro Presidente de Moçambique] está onde está, devem estar a ferver de nervos lá, por esse moçambicano que foi lá fazer isso”, disse ainda Silva Livone.
Após a reunião na Assembleia da República com o vice-presidente do Chega, Venâncio Mondlane disse que pediu a esta formação partidária que não seja neutra quando estão em causa os direitos humanos e cívicos em Moçambique.
“O que nós pedimos é exatamente que não fiquem mudos e serenos perante situações de asfixiamento e assassinato da democracia em Moçambique. Não se pode alegar precauções de querer evitar ingerência em assuntos internos quando você sabe, claramente, que a democracia está sendo asfixiada, está sendo assassinada”, vincou.
“Ninguém pode dizer que vai permitir que o seu vizinho seja assassinado e você não pode intervir porque você quer respeitar aspetos de soberania e não sei quê. Isso é um discurso que nos parece que tem que ser abandonado”, reiterou.
As eleições presidenciais vão decorrer em simultâneo com as legislativas e eleições dos governadores e das assembleias provinciais.
O atual Presidente da República e da Frelimo, Filipe Nyusi, está constitucionalmente impedido de se recandidatar, porque cumpre atualmente o segundo mandato na chefia de Estado, após ter sido eleito em 2015 e em 2019.