Keir Starmer, afirmou que os esforços para travar a violência de extrema-direita no Reino Unido “não podem abrandar”, avançando que uma nova reunião do gabinete de crise está agendada para esta quinta-feira.
As declarações do primeiro-ministro britânico surgem após uma pausa dos distúrbios que têm sido registados nos últimos dias no país. Na quarta-feira estavam previstos vários protestos associados a grupos de extrema-direita, bem como contra-protestos, mas, contrariando os receios das autoridades, não foram registados tumultos.
Starmer informou os meios de comunicação social sobre a reunião do chamado gabinete “Cobra”, no qual participarão alguns ministros e representantes das autoridades, quando visitava uma mesquita na cidade de Solihull, no centro de Inglaterra. Será a terceira reunião deste tipo desde o início da semana.
“É importante que não relaxemos. E é por isso que ainda hoje terei outra reunião ‘Cobra’ com as autoridades, com oficiais superiores da polícia, para garantir que iremos refletir sobre o que aconteceu, mas também para planearmos os próximos dias”, explicou o chefe do Governo britânico. Apesar de a noite de quarta-feira ter corrido “muito melhor do que o esperado”, “não vamos desistir dos nossos esforços”, prosseguiu Keir Starmer.
Com bandeiras, cartazes e cânticos, milhares de pessoas reuniram-se na noite de quarta-feira nas zonas comerciais de diferentes cidades para denunciar o racismo e a islamofobia, no meio de um forte dispositivo de segurança para evitar mais atos de violência, que acabaram por não acontecer, uma vez que os protestos anti-imigração que estavam planeados não se concretizaram.
Na última semana, apoiantes da extrema-direita envolveram-se em confrontos com as forças policiais em várias cidades britânicas, atacaram mesquitas e um hotel que alberga requerentes de asilo e incendiaram veículos.
Perante esta realidade, o presidente da câmara de Londres considerou que não estava seguro enquanto político abertamente muçulmano praticante. “Claramente não estou seguro, por isso é que tenho proteção policial”, declarou Sadiq Khan, citado pelo Telegraph.
Os mesmos sentimentos foram expressos pelo antigo primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, que considerou que o seu futuro pode não passar pela Escócia, o Reino Unido ou a Europa e ocidente, sequer. “Todos os muçulmanos que conheço se estão a perguntar se têm futuro no Reino Unido”, afirmou na terça-feira.
Neste sentido, a prioridades de Starmer ficaram bem claras. “É muito importante que continue com as minhas conversas, em coordenação com as autoridades, com os líderes policiais, para garantir que temos os agentes certos no lugar certo, para continuar a pressionar a resposta da justiça”, explicou.
O primeiro-ministro salientou que vários responsáveis pelos atos de vandalismo foram detidos e alguns rapidamente acusados e condenados a penas de prisão. “Volto a dizer: qualquer pessoa que se envolva em motins, seja qual for o motivo que apresente, sentirá todo o peso da lei”, garantiu o primeiro-ministro trabalhista.
Mais de 400 pessoas foram detidas na última semana devido aos tumultos que começaram a 30 de julho após o assassinato à facada de três meninas (uma delas portuguesa) num centro recreativo em Southport, no noroeste de Inglaterra, por um rapaz de 17 anos nascido no País de Gales, filho de pais ruandeses.
Outras oito crianças e dois adultos ficaram feridos no ataque. Esta quinta-feira, mais de uma semana depois do ataque, a última criança que ainda estava internada recebeu alta. À saída do hospital, os pais da menina agradeceram o apoio e a prontidão da polícia e condenaram os ataques contra as forças policiais
Os grupos de extrema-direita reagiram depois de falsas informações circularem nas redes sociais de que o adolescente era um requerente de asilo.