A Federação Académica do Porto (FAP) denunciou esta quinta-feira que o início do ano letivo 2024-2025 está a ser marcado por uma grave crise no acesso à habitação, alertando para a falta de alojamento estudantil.

“À semelhança dos últimos anos, o início do ano letivo 2024-2025 está a ser marcado por uma grave crise no acesso à habitação, com o custo do alojamento a atingir preços insustentáveis”, lê-se num comunicado enviado à Lusa.

Segundo a FAP, que cita o Observatório do Alojamento Estudantil, “um quarto no Porto custa, em média, 387 euros”, o que traduz que encontrar alojamento para estudar é o “maior desafio dos 24 mil estudantes deslocados no Porto depois de saberem se entraram no Ensino Superior”.

O valor do metro quadrado dos quartos para estudantes no Porto ronda os 32 euros, sendo a área de cerca de 12 metros quadrados.

O presidente da FAP, Francisco Fernandes, recorda que a falta de camas não deveria ser resolvida “de um mês para o outro”, uma vez que existe, desde 2018, um Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) que deve ser cumprido.

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“A implementação desse plano deve ser concluída até 2026, mas das 18 mil camas previstas, apenas mil foram finalizadas”, revelou Francisco Fernandes, lamentando que a escassez de alojamento leve a que muitos estudantes ou desistam da faculdade que escolheram ou a “fazem viagens diárias, de várias horas, por não conseguir pagar um quarto no Porto”.

O presidente da FAP afirma que as medidas aprovadas em maio pelo Conselho de Ministros para o alojamento estudantil não garantem acomodação a todos os estudantes deslocados, “pois só o aumento estrutural da oferta de camas irá diminuir a pressão da procura e estabilizar os preços”.

Para combater esta crise na habitação, a FAP apelou às Instituições de Ensino Superior para esgotarem a linha de financiamento de sete milhões de euros disponibilizada pelo Governo no Eixo 2 das Medidas para a Juventude, aumentando a oferta de camas em parceria com entidades públicas, privadas e do setor social.

“Este apelo surge como uma última tentativa de aliviar a pressão sobre os estudantes deslocados, o que poderá garantir um acesso mais justo e equilibrado ao Ensino Superior”, afirmou.

Para denunciar a crise no alojamento estudantil, a FAP colocou ‘outdoors’ junto ao Polo Universitário da Asprela e à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde se podem ler mensagens como “Com quartos para estudantes a 500 euros, só nos resta viver debaixo da ponte” e “Se este outdoor fosse um quarto custava 770 euros por mês”.