A candidata democrata Kamala Harris alargou a sua vantagem sobre Donald Trump para seis pontos no rescaldo do debate presidencial norte-americano, alcançando a maior diferença nas sondagens da Morning Consult desde o início do ciclo eleitoral.

“É um recorde desde que começámos a monitorizar em novembro de 2022”, disse o analista Eli Yokley numa sessão da Morning Consult sobre o estado da corrida presidencial. Harris tem agora 51% das intenções de voto contra 45% para Donald Trump, numa amostra de 10 mil eleitores com margem de erro “bastante baixa”.

A atenção mediática que se seguiu ao debate permitiu a Kamala Harris melhorar de forma significativa o seu nível de popularidade junto do eleitorado. A candidata passou de um para 7 pontos no saldo de favorabilidade, enquanto Donald Trump manteve dez pontos negativos.

“A nossa sondagem mais recente mostra que cerca de metade dos eleitores ouviram algo positivo sobre Harris após o debate”, disse Eli Yokley, referindo que o buzz atual é positivo para a democrata (+18) e negativo para o republicano (-22).

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O analista frisou que “este é o melhor ambiente para os democratas” desde novembro de 2022, quando começou o ciclo eleitoral para a presidência, após as intercalares.

Outras sondagens pós-debate confirmam um cenário favorável aos democratas. O algoritmo da plataforma agregadora FiveThirtyEight tem Kamala Harris como favorita a vencer (64 em 100) e a nova sondagem Quinnipiac mostra a democrata à frente 5 pontos no Michigan e na Pensilvânia, com um ponto a mais que Trump no Wisconsin.

Segundo a análise Morning Consult, a economia é o tema mais importante, sendo que Harris está quase empatada com Trump na perceção dos eleitores — algo em que Biden estava bastante atrás antes de sair da corrida.

A analista Sofia Baig explicou que os eleitores “confiam mais em Harris”, em especial nos temas de igualdade económica, habitação acessível e custos com creches.

“Os eleitores indecisos favorecem ligeiramente as políticas propostas pela campanha de Harris”, indicou ainda Baig, salientando que boa parte do eleitorado ouviu os planos económicos e consegue identificar a que candidato se associam. A imposição de taxas aduaneiras, por exemplo, é associada a Trump e vista como negativa (-2), enquanto a legislação para impedir aumento excessivo dos preços é associada a Harris com uma visão muito positiva (+56).

Em comparação com 2020, Harris está a recuperar terreno em relação ao desempenho de Joe Biden há quatro anos. Neste ponto da corrida, Biden tinha 8 pontos de vantagem para Trump, enquanto Harris tem agora seis.

A grande diferença, disse o analista Cameron Easley, é que Donald Trump melhorou os seus números: Biden liderava 51% contra 43% em 2020 e agora Harris lidera 51% contra 45%.

“Estamos a registar mais apoio a Trump agora do que em 2020“, notou Easley, salientando que os eleitores tendem a vê-lo como menos extremo que Harris na ideologia política.

Essa é a “fraqueza número um” de Harris junto do eleitorado independente, onde a democrata está atrás do que Biden conseguiu. A candidata também tem menor apoio que Biden no eleitorado jovem, negro e hispânico. Easley revelou que o apoio a Trump entre eleitores negros conservadores subiu dois dígitos, de 25% para 35%.

Sem um segundo debate presidencial, as atenções estarão agora viradas para o frente a frente entre os candidatos a vice-presidente Tim Walz e JD Vance, que vai decorrer a 1 de outubro em Nova Iorque.