Uma mulher de 59 anos, que começou esta quinta-feira a ser julgada no Tribunal de Coimbra, negou ter tentado matar o filho com o carro que conduzia, no concelho de Montemor-o-Velho, quando este tinha 15 anos.
Residente no concelho da Figueira da Foz, a mulher de 59 anos está acusada pelo Ministério Público de um crime de homicídio qualificado na forma tentada, que terá ocorrido a 22 de maio de 2022, no concelho de Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra.
Na primeira sessão de julgamento, que decorreu esta tarde, a arguida não prescindiu de ouvir a acusação, para depois referir que pretendia esclarecer as “muitas mentiras” que nela constam.
Ao Tribunal de Coimbra contou que a discussão terá começado com o filho a recusar a toma de um café, numa cafetaria, solicitando antes cigarros, tendo-se depois agudizado quando viajavam de carro para a Figueira da Foz.
Segundo a arguida, terá encostado o carro, para que o seu filho saísse e “nada lhe acontecesse”, o que viria a acontecer, com o jovem a afastar-se a pé no sentido de Montemor-o-Velho.
Admitiu ter feito marcha-atrás, com a porta aberta do lado do pendura, mas sem nunca o ter tentado atropelar, pedindo apenas para regressar à viatura.
“Jamais o mandaria embora depois de o criar por 15 anos. Ele é que disse que ia embora, para casa da irmã“, referiu, esclarecendo que já o seu outro filho, gémeo deste, tinha ido morar com uma das suas duas filhas mais velhas uns dias antes.
Ao Tribunal de Coimbra disse ainda que, pouco depois, se tentou suicidar, atirando-se para a frente de um camião que diz ter travado atempadamente. Mais tarde, foi intercetada pela PSP, quando ia “por fim à vida”, por ter ficado “muito transtornada” e “com um desgosto muito grande”.
Durante a tarde desta quinta-feira foi também ouvido o seu filho, agora com 17 anos, que negou ter pedido cigarros e fumar, afirmando ainda que a sua mãe lhe dissera que se quisesse ir viver com a sua irmã, que poderia.
De acordo com o jovem de 17 anos, que se constituiu assistente, a sua mãe terá feito “três investidas” para o atropelar, dizendo primeiro que se matava se ele se fosse embora e depois que o matava se ele se fosse embora.
Disse também que a sua mãe nunca o atingiu, embora pudesse fazê-lo se não tivesse parado a viatura, desatando depois a correr do local para arranjar refúgio e ligar à irmã, que mandou a GNR ao seu encontro.
Ao final da tarde foi ouvido o agente da PSP que naquela tarde intercetou a arguida e com quem seguiu de ambulância para o hospital, por esta estar “completamente perturbada” e a “mostrar intenções de se suicidar“.
A filha mais velha da arguida, com quem está de relações cortadas há alguns anos, foi a última a ser ouvida, partilhando algumas divergências familiares e confirmando que o seu irmão lhe ligou a pedir ajuda, porque “a mãe o estava a tentar atropelar”.
A próxima sessão do julgamento ficou agendada para a manhã de 3 de outubro.