As audições parlamentares em sede de comissão de inquérito na Assembleia da República, requeridas pelo PS para averiguar a gestão política e os meios de proteção civil no combate aos incêndios que deflagraram na Madeira, começam na terça-feira.

A informação foi prestada esta segunda-feira pelo deputado socialista eleito pelo círculo da Madeira, Miguel Iglésias.

Numa conferência de imprensa, o deputado do PS disse que a 1.ª Comissão de Assuntos Constitucionais da Assembleia da República vai ouvir no primeiro dia o secretário-geral do Sindicato Nacional de Proteção Civil, José Costa Velho, e o presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil, Ricardo Ribeiro.

O parlamentar adiantou estar previsto ouvir também a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o responsável da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, os presidentes da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros de Portugal, e o diretor do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais.

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Segundo Miguel Iglésias, o objetivo destas audições é “escrutinar a ação política e obter o máximo de informação possível sobre tudo aquilo que aconteceu em relação à operacionalização e meios empregues no combate aos incêndios que devastaram mais de cinco mil hectares de área rural e florestal”.

O deputado refere que o combate ao incêndio que deflagrou em agosto “foi tudo menos um sucesso”, tendo o Sindicato Nacional de Proteção Civil pedido a demissão dos responsáveis da Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira.

Miguel Iglésias frisou que, durante os 13 dias de incêndio, foram “várias as contradições, com o Governo Regional a dizer que não eram necessários mais meios, quer terrestres, quer aéreos, e, no final, esse reforço ter acontecido, inclusivamente com o Governo da República a acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que permitiu o envio dos dois aviões Canadair”.

Também lembra que foi “devastada uma parte significativa de floresta (inclusive da laurissilva)” e que “dezenas de pessoas” tiveram de ser realojadas.

“Houve uma gestão desastrosa da forma como todo esse processo decorreu e agora vamos, efetivamente, passar à fase de escrutínio” com esta comissão de inquérito, realça o deputado socialista, complementando serem também “necessárias respostas por parte de quem tem a tutela da Proteção Civil a nível nacional e que teve uma parte ativa na forma como tudo isto se passou”.

Miguel Iglésias reportou-se a declarações públicas da ministra da Administração Interna, “assinalando que a responsabilidade no reforço dos meios terrestres e o acionamento do Mecanismo Europeu de Proteção Civil foi da parte do Governo da República”.

“Portanto, iremos tentar obter o máximo de informação possível sobre tudo o que aconteceu e as comunicações que foram feitas, de modo a que a população da Madeira possa saber exatamente tudo o que se passou para podermos concluir se, realmente, o combate aos incêndios foi ou não um sucesso, como diz o dr. Miguel Albuquerque”, reforçou.