Luís Montenegro encontrou-se esta segunda-feira com André Ventura para perceber a posição do líder do Chega sobre o Orçamento do Estado para 2025. A informação foi inicialmente avançada pela CNN e confirmada entretanto pelo Observador. O gabinete do primeiro-ministro emitiu uma nota a negar que tenham existido “reuniões secretas”, mas sim encontros sobre “temas de interesse nacional”, “que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social”.

Em dois parágrafos e depois de noticiado o encontro com o líder do Chega, o gabinete de Luís Montenegro diz que o que há na residência oficial são “encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social.”

De acordo com o que foi possível perceber, nesta reunião não existiram negociações concretas entre Luís Montenegro e André Ventura sobre o Orçamento do Estado. Terá servido, essencialmente, para perceber as respetivas posições.

De resto, segundo apurou o Observador, Luís Montenegro também recebeu esta manhã Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, que, ao contrário de André Ventura, ainda não comunicou publicamente a vontade de chumbar o Orçamento do Estado. O mesmo terá acontecido com os liberais: o encontro entre primeiro-ministro e líder da Iniciativa Liberal terá servido essencialmente para discutir o momento político e não necessariamente que propostas devem ou não estar em cima da mesa.

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Entretanto, e já depois de publicada esta notícia, fonte oficial da Iniciativa Liberal confirmou “que o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, teve uma reunião logo à primeira hora da manhã com o primeiro-ministro, no âmbito da situação política e das negociações do orçamento do estado.”

À saída da reunião com com a Procuradora-Geral da República, a Ministra da Administração Interna, a Ministra da Justiça, o Diretor Nacional da PJ, o Comandante-Geral da GNR e o Diretor Nacional da PSP, Luís Montenegro falou de viva voz sobre estes dois encontros, repetindo que a ideia de que estas não eram “reuniões secretas”, mas antes encontros não publicitados junto da comunicação social.

Luís Montenegro deu, aliás, o seu próprio exemplo — enquanto líder da oposição, argumentou, encontrou-se várias vezes com António Costa sem que esse facto fosse tornado público. “É um traço de normalidade e maturidade democrática que tem tradição na democracia portuguesa há várias décadas e que se deve manter. O Governo está empenhado em dar ao país um Orçamento do Estado para 2025 que esteja enquadrado no programa do Governo. O Governo vai esgotar todas as possibilidades para que a Assembleia da República para que a proposta do Orçamento não seja inviabilizada”, notou o primeiro-ministro.

Recorde-se que André Ventura já manifestou a intenção de chumbar o documento, dizendo mesmo que a decisão era “irrevogável”. Recentemente, em entrevista ao Observador, Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, garantiu que o partido só voltaria a encontrar-se com os representantes do Governo para ouvir informações e não para apresentar propostas.

Uma das condições para o Chega ponderar voltar à mesa das negociações seria Luís Montenegro deixar de negociar com Pedro Nuno Santos. Esta reunião reveste-se de especial importância porque pode marcar o fim definitivo de qualquer conversa entre Governo e Chega com vista à viabilização do Orçamento do Estado. Rui Rocha, por sua vez, já ameaçou chumbar o Orçamento se o Executivo de Montenegro insistir num caminho político idêntico ao de António Costa.