O Governo da Madeira (PSD) garantiu esta sexta-feira que a região autónoma não tem turismo a mais, embora o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, reconheça haver pressão em alguns locais a determinadas horas do dia.

“Essa pressão não é fatal”, vincou, para logo reforçar: “Não vale a pena entrar em considerações apocalípticas sobre o turismo, porque o turismo é suscetível de se reorganizar em termos de mobilidade, em termos de horários, em termos de suporte das cargas”.

Miguel Albuquerque falava na cerimónia de entrega de medalhas de Mérito Turístico a 21 personalidades e instituições madeirenses, que decorreu no Convento de Santa Clara, no Funchal, no âmbito do Dia Mundial do Turismo.

Instituídas pelo Governo Regional em 1979, as medalhas de Mérito Turístico destinam-se a distinguir pessoas singulares e coletivas que prestam ou tenham prestado serviços oficialmente reconhecidos como relevantes para o turismo da Madeira.

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“Essa ideia de encarar o turismo como uma fatalidade é trágica e sobretudo pouco inteligente”, disse Miguel Albuquerque.

O chefe do executivo madeirense sublinhou ser fundamental “continuar a trabalhar em conjunto com todos os agentes” no sentido de manter a qualidade do destino, com foco na preservação do ecossistema natural e na promoção da cultura regional.

Albuquerque destacou, por outro lado, a evolução do setor entre 2015, ano em que assumiu a presidência do Governo Regional, e 2023.

“Estamos a atravessar neste momento um período de ‘boom’ turístico e ‘boom’ económico”, afirmou, indicando que em 2015 a Madeira sinalizou 1,1 milhões de hóspedes, sete milhões de dormidas e 380 milhões de euros de proveitos, ao passo que em 2023 registou mais de 2 milhões de hóspedes, 11 milhões de dormidas e 625 milhões de euros de proveitos.

O secretário regional da Economia, Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, presente na cerimónia, reforçou a posição do presidente do executivo.

“Não embarco nessa lógica de se achar que temos turismo a mais”, disse, para depois acrescentar: “Os factos estão perfeitamente regulados pela Organização Mundial de Turismo, que nos dá indicadores para aferir sobre a pressão turística em cada território. Fazendo as contas […], a Madeira não tem turismo a mais, a Madeira não tem pressão turística, a Madeira não está em ‘overturism’, nada disso”.

Eduardo Jesus garante que a região está a uma “grande distância” dos territórios que enfrentam o fenómeno de excesso de carga turística.

“Não há nenhum indicador específico para a Madeira [para aferir a pressão]. É pegar nas dormidas, dividir pelos residentes, pegar no fluxo turístico e dividir pelos quilómetros quadrados da região”, explicou, afirmando que “o que se apura daqui e compara com outros destinos turísticos é que nós estamos a uma distância infindável”.