Em tempos foi guarda-costas do Presidente; agora, é uma figura chave do círculo político e militar da Rússia. Alexei Dyumin é um dos quatros novos nomes apontados esta segunda-feira, de acordo com a Reuters, por Vladimir Putin para integrar o clube restrito do Conselho de Segurança russo.
O interesse mediático neste nome subiu exponencialmente logo após o início da incursão ucraniana na região de Kursk, na Rússia, durante o mês de agosto, que foi declarada como sendo uma das “operações mais significativas em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial”. Dez dias depois do começo da primeira ofensiva da Ucrânia neste conflito que já dura há mais de dois anos, o Presidente Vladimir Putin foi forçado a recorrer a alguém de confiança e Dyumin tornou-se responsável pela resposta militar e civil na região fronteiriça.
Natural desta zona, Alexei Dyumin, 52 anos, tem no seu currículo uma longa carreira nas forças militares e nos serviços secretos da Rússia, tendo ingressado no Serviço de Guardas Federais em 1995, onde trabalhava para o então Presidente Boris Yeltsin e o à época primeiro-ministro Viktor Chernomyrdin. Foi a partir de agosto de 1999 que passou integralmente para o corpo de segurança presidencial, onde acompanhou Vladimir Putin durante os seus dois primeiros mandatos. “Fazia parte de um grupo de agentes que assegurava a segurança do Presidente em todo lado — na Rússia e no estrangeiro”, explicou o próprio Dyumin, citado pela Reuters.
Ao fim de 13 anos nesta posição, Alexei foi promovido ao cargo de chefe-adjunto da segurança presidencial, a segunda posição mais alta na organização. No entanto, apenas dois anos depois, em 2014, passou para a vice-chefia dos Serviços Secretos das Forças Armadas Russas (conhecido pela abreviatura GRU) — e acabou por ter um papel fundamental na ocupação da Crimeia enquanto supervisor das Forças de Operações Especiais. Depois desta operação vista como um sucesso pela Rússia, o antigo guarda-costas ocupou a pasta de vice-ministro da Defesa, até lhe ter sido atribuído o cargo de governador da região de Tula, a sul de Moscovo, onde esteve até maio deste ano.
Na Rússia, maio de 2024 foi mês de eleições e, com isso, novas posições precisaram de ser preenchidas no Kremlin. Depois de oito anos afastado de assuntos militares, Alexei Dyumin foi escolhido, novamente por Putin, para integrar o círculo do Presidente e supervisionar a indústria de Defesa. Apesar de se ter especulado sobre uma possível chegada a ministro, o cargo acabou por ser ocupado por Andrei Belousov. No entanto, o seu histórico de rápidas ascensões registou mais um capítulo e, menos de um mês após ter regressado ao Kremlin, subiu a secretário do Conselho de Estado da Rússia.
Esta promoção quase imediata suscitou, então, grande especulação e alguns meios de comunicação colocaram o nome de Alexei Dyumin na corrida de sucessão a Vladimir Putin. “Isto foi visto, essencialmente, como uma confirmação que Dyumin será um futuro Presidente da Rússia, a escolha de Putin”, disse Sergei Markov, um ex-conselheiro do Kremlin e apoiante do regime, citado pela Reuters.
Esta segunda-feira, tornou-se um dos 35 elementos do Conselho de Segurança da Rússia. Para além de Vladimir Putin e dos 13 membros permanentes do Conselho, Dyumin é um dos 20 escolhidos exclusivamente pelo Presidente para integrar o Fórum de Coordenação e Integração das políticas de segurança nacional.