“Intolerável falta de respeito, lealdade, seriedade e honestidade para com a comunidade educativa e a sociedade em geral.” Foi assim que, no final do ano passado, o ex-ministro da Educação João Costa classificou o comportamento de Paula Pinto Pereira, a professora que durante anos deu aulas sem estar qualificada para o fazer, apresentando habilitações académicas falsas, e que acabaria por ser expulsa do ensino pelo Ministério da Educação, que exige uma indemnização de centenas de milhares de euros à antiga professora.

Como noticia o jornal Público, no final do ano passado, a professora de 61 anos apresentou uma providência cautelar para tentar impugnar a expulsão que tinha sido decretada pelo Ministério da Educação, mas o Governo pronunciou-se através de uma resolução fundamentada assinada pelo próprio ministro, o socialista João Costa, que considerou “indigno” o comportamento da falsa professora.

De acordo com o jornal, que cita a resolução fundamentada assinada pelo ministro, o Governo considerava que não era possível manter Paula Pinto Pereira em funções sem causar danos à imagem do próprio ministério. “Alunos, professores, trabalhadores e encarregados de educação devem ter a perceção de que a administração não é tolerante e permissiva face a tal conduta”, vincou João Costa, avisando que havia o risco de perda de confiança no Ministério da Educação.

Denúncias anónimas, incoerência nas histórias contadas e vaidade académica. A história da professora de Matemática que ensinou sem ter curso

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A conduta de Paula Pinto Pereira é ainda mais grave por se tratar de alguém que “tem a missão de educar e contribuir para o desenvolvimento da personalidade de futuros cidadãos, defraudando em absoluto as legítimas expectativas da comunidade”, escreveu João Costa, acusando Paula Pinto Pereira de “total desprezo pelos valores e princípios que devem nortear o exercício da atividade pública”.

Paula Pinto Pereira deu aulas de matemática desde 1988, apresentando sempre documentos falsos para comprovar as suas habilitações literárias. Mais tarde, descobrir-se-ia que, na verdade, a professora nunca concluiu qualquer curso — embora insista que é licenciada e mestre. Foi expulsa da docência no ano passado e está a ser investigada por suspeitas de burla qualificada. Durante as décadas em que deu aulas, Paula Pinto Pereira também trabalhou como autora de manuais escolares, que continuam ainda em utilização nas escolas portuguesas.

Manuais escolares escritos por professora com habilitações falsas continuam a ser usados