O chefe da ONU para o Clima, Simon Stiell, disse esta segunda-feira, na abertura da COP29, em Baku, no Azerbaijão, que o financiamento para a ajuda climática pelos países ricos não é uma “caridade” e é “do interesse de todos”.

No discurso de abertura da 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que vai decorrer até dia 22, Stiell lançou já alguns recados aos participantes.

“Devemos (…) abandonar a ideia de que o financiamento climático é caridade. Uma nova e ambiciosa meta de financiamento climático é do interesse de todas as nações, incluindo as maiores e mais ricas”, disse Stiell.

O chefe da ONU para o clima apelou para que os países mostrem que a cooperação global não está paralisada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, na quinta-feira, para o facto de as alterações climáticas estarem a deixar as pessoas doentes, indicando que agir rapidamente é “uma questão de vida ou de morte”.

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A Europa é, atualmente, “o continente que regista o aquecimento mais rápido”, segundo um relatório da Agência Europeia do Ambiente.

A COP29 deverá ser marcada pelas negociações do chamado “novo objetivo quantificado coletivo” (NCQG na sigla em inglês) de financiamento para a ação climática.

Pretende-se estabelecer um novo valor da ajuda financeira Norte-Sul para a luta e adaptação às alterações climáticas, depois de na conferência do ano passado os países terem concordado com uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos e em triplicar a capacidade das energias renováveis até 2030.

Fundação Fé e Cooperação apela a maior ambição no combate às alterações climáticas

A Fundação Fé e Cooperação (FEC) considera que a COP29, que começa esta segunda-feira no Azerbaijão, “é a oportunidade que os líderes mundiais têm para assumir compromissos mais ambiciosos no combate às alterações climáticas”.

Para a FEC, organismo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e Federação Nacional dos Institutos Religiosos (FNIS), em 1990, “a ação climática, quando alinhada com objetivos sociais e económicos mais abrangentes, pode ser um forte impulsionador da redução da pobreza e de promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo”.

“O combate às alterações climáticas implica não apenas a proteção do ambiente, mas também a criação de oportunidades para um mundo mais inclusivo e próspero, que promove a melhoria das condições de vida, o trabalho digno, a equidade e coesão social e os direitos humanos”, defende a FEC, em nota enviada à agência Lusa.

Para este organismo, “a justiça ambiental e a justiça social devem andar de mãos dadas para colmatar os impactos nefastos das alterações climáticas a todos os níveis, bem como para a mobilização e compromisso necessários para uma real transformação”.

“Para serem coerentes, as políticas públicas devem assegurar que o fardo e os custos das alterações climáticas são partilhados de forma justa e responsável, com especial atenção à necessidade de apoiar países mais afetados e com menor resiliência e capacidade de resposta, bem como de ajudar e empoderar as comunidades mais vulneráveis para poderem aspirar a uma vida digna no pleno respeito pelos Direitos Humanos e pelos limites do planeta”, acrescenta.

A Fundação apresenta na nota um conjunto de recomendações aos participantes na cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas, como destaque para a “eliminação urgente dos combustíveis fósseis e acelerar uma transição energética justa para energias renováveis”, a “operacionalização do Fundo Perdas e Danos destinado aos países mais vulneráveis” ou a “eliminação de práticas incoerentes com os objetivos que se pretendem atingir, como os subsídios aos combustíveis fósseis, os projetos poluentes e de alta intensidade carbónica, as práticas empresariais lesivas do ambiente e dos direitos ambientais e sociais, a fuga de carbono e o dumping climático”.

A COP29 decorre em Baku, capital do Azerbaijão, até 22 de novembro, com a delegação portuguesa a ser liderada pela ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.

COP29 começa esta segunda-feira com financiamento para a ação climática na agenda