O presidente da Iniciativa Liberal defendeu, esta segunda-feira, que o executivo precisa de “começar a governar” e a “tomar decisões políticas”, considerando que até agora não o fez, e manifestou “enorme preocupação” com o plano de inverno para o SNS.

Em declarações aos jornalistas após uma reunião com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em Lisboa, Rui Rocha disse que analisou, com o sindicato, os planos de emergência para a saúde” e leva “enormes preocupações” quanto aos planos para o inverno, “porque não foram tomadas medidas estruturais”.

Para Rui Rocha, “todos os planos que o Governo apresentou são planos para o imediato, provavelmente apresentados tendo em conta o ciclo político e a necessidade que o Governo sentiu de ter um orçamento aprovado ou de ir a eleições numa posição política melhor”.

Mas o problema é que, agora, a partir de janeiro, é preciso começar a governar. Já não basta atirar planos para cima dos problemas — já percebemos que muitos deles não funcionam — e, portanto, a partir de agora, temos mesmo de ter decisões políticas”, afirmou.

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O líder da Iniciativa Liberal (IL) reconheceu que, “muitas vezes”, essas decisões têm custos e “não são populares”, mas reforçou que “este Governo ainda não começou a governar”.

“A partir de janeiro, mais tardar, vai mesmo ter de começar a governar”, sustentou.

Sobre a situação no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Rui Rocha considerou que “todos falharam”, referindo-se à direção do instituto mas também ao Ministério da Saúde, e frisou que agora é preciso apurar se as responsabilidades sobre o que está a acontecer “são apenas pessoais ou se é uma questão estrutural”.

“Diria que temos aqui uma situação de anemia e de amnésia. Temos uma situação de anemia, um comportamento anémico do Governo na resposta, um comporto insuficiente de antecipação dos problemas e de resposta. E temos também, da parte do PS, amnésia, porque o PS tem uma grande responsabilidade no Estado a que chegámos”, afirmou.

Rui Rocha — que já admitiu uma comissão de inquérito ao INEM caso as respostas da ministra da Saúde no Parlamento não sejam satisfatórias —, disse que é preciso apurar, em termos de responsabilidades, “o que é que vem de trás e não era possível responder” e “aquilo que já é responsabilidade deste Governo”.

Iniciativa Liberal admite comissão parlamentar de inquérito sobre situação da emergência médica

Questionado se lhe parece que houve um sacudir de responsabilidades deste Governo sobre esta matéria, ao atribuir as culpas ao anterior executivo pelo que está a acontecer, Rui Rocha respondeu: “Parece-me que foi uma má resposta, que não tranquiliza os portugueses”.

“É evidente que há um Governo que esteve em funções durante oito anos e que tem responsabilidades no estado a que as coisas chegaram também em termos de saúde. Mas há um Governo que está em funções já há mais de seis meses e que não pode sistematicamente atribuir aos que estiveram antes essas responsabilidades”, disse, salientando que “isso não é governar, isso é passar responsabilidades”.

Sobre a reunião com o SIM, Rui Rocha disse partilhar com o sindicato que é preciso que a avaliação de desempenho seja aplicada, seja no Serviço Nacional de Saúde ou na função pública, com menos burocracia e que “sirva como instrumento de gestão”, melhorando os serviços e recompensando quem cumpre os objetivos.

Por sua vez, o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, defendeu que é preciso reforçar o número de médicos no SNS e garantir a equiparação da remuneração dos médicos que trabalham no INEM com os que estão nos serviços de urgência.

Sobre a questão do sistema de avaliação referido por Rui Rocha, Nuno Rodrigues concordou que “é crucial para que os médicos progridam na carreira”, considerando que “é essencial que seja valorizada a progressão, a experiência, a vontade de melhorar dos profissionais e que sejam desbloqueadas as carreiras médicas”.