O governo regional da Comunidade Valenciana, em Espanha, pediu esta segunda-feira meios ao resto do país para desobstruir de lodo e água a rede de saneamento e evitar “problemas graves de saúde pública”, após as inundações de 29 de outubro.
Quase duas semanas após as inundações, em que morreram mais de 220 pessoas, continuam os trabalhos de limpeza das zonas afetadas e sucedem-se os alertas e recomendações às populações por temor a problemas de saúde pública.
Numa publicação na rede social X, o presidente do governo valenciano, Carlos Mazón (Partido Popular, direita), disse que a região precisa de “camiões de desobstrução da rede de saneamento para evitar problemas graves de saúde pública” e que pediu ajuda à maior confederação patronal de Espanha (CEOE) e às outras comunidades autónomas.
Llevamos 3 días solicitando al Gobierno de España camiones de desatasco de alcantarillado para evitar problemas graves de salud pública. No llegan.
Hemos solicitado a la CEOE y al resto de Comunidades Autónomas que contribuyan con todos los medios a su disposición. Gracias a…— Carlos Mazón (@carlos_mazon_) November 11, 2024
Mazón, como tem feito nos últimos dias, voltou a queixar-se do Governo central de Espanha, liderado pelos socialistas, garantindo que está a pedir estes camiões a Madrid há três dias e “não chegam”.
O ministro de Política Territorial, Miguel Ángel Torres, evitou o confronto com Mazón e disse esta segunda-feira aos jornalistas que a coordenação e mobilização de meios a todas as entidades e administrações se tem feito diariamente no seio da equipa de resposta à emergência e que há neste momento no terreno em Valência “o maior dispositivo jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz”.
“Vamos continuar a atuar em co-governança, coordenação e colaboração entre administrações”, disse Miguel Ángel Torres, à entrada para uma dessas reuniões de coordenação, em Valência, em que também esteve Carlos Mazón, que não se pronunciou à chegada sobre esta questão ou a manifestação de sábado na cidade de Valência convocada para pedir a sua demissão e que mobilizou cerca de 130 mil pessoas, segundo as autoridades.
“Hoje continuamos muito centrados na reconstrução”, limitou-se a dizer Carlos Mazón, que se transformou no maior alvo das críticas sobre a gestão política das consequências das inundações, enquanto o Governo central é questionado por manter nas mãos do executivo autonómico a tutela das operações no terreno.
Também o ministro Miguel Ángel Torres disse esta segunda-feira que o Governo de Espanha está centrado na reconstrução das zonas afetadas e “haverá tempo depois para muitas manifestações” e “par aos posicionamentos políticos”.
Numa atualização esta segunda-feira da situação no terreno, o governo regional valenciano disse que foi reforçado para quase 700 “o número de profissionais destinados à retirada de resíduos e lodo, em coordenação com as câmaras municipais”. Segundo as autoridades, estão a ser retiradas diariamente das zonas afetadas pelas cheias mais de 3.000 toneladas de escombros e resíduos.
“É importante seguir as recomendações sanitárias importantes nas zonas afetadas” pelo temporal, nomeadamente, “nas tarefas de limpeza, gestão de resíduos e outros riscos como a água estancada ou o uso de eletricidade”, alertou a Comunidade Valenciana, num comunicado. O executivo voltou a sublinhar que as populações dos mais de 70 municípios afetados devem usar apenas água engarrafada tanto para beber como para cozinhar e revelou que arrancou no domingo “um plano para combater pragas e insetos”, com ações de desinfestação em todas as localidades.
O temporal e as inundações de 29 de outubro fizeram pelo menos 222 mortos no sudeste de Espanha, 214 dos quais na Comunidade Valenciana. Segundo as autoridades, há 41 pessoas dadas como desaparecidas e há 19 cadáveres nas morgues de Valência por identificar, cujos dados biológicos estão a ser cruzados com os fornecidos por familiares de desaparecidos.
No comunicado desta segunda-feira, o governo valenciano sublinhou que no que respeita aos “trabalhos operacionais, a prioridade continua a ser a procura de possíveis vítimas” nas zonas afetadas e também no mar. Quase uma semana após as inundações, reabriram esta segunda-feira 49 escolas das zonas afetadas pelas cheias, com cerca de 22 mil alunos a regressarem pela primeira vez às aulas desde 29 de outubro.