Apaixonada por moda, compra a revista Vogue e atua em discotecas como DJ. Luiza Rozova, uma estudante de 21 anos na Faculdade de Gestão da Arte e da Cultura de uma universidade internacional em Paris (ICART), vive uma vida normal, não liga às notícias e gosta de “bisbilhotar” com as amigas. Já Elizaveta Krivonogikh é filha de uma das mulheres mais ricas da Rússia e “conhecida” de Vladimir Putin. O que têm em comum? Luiza e Elizaveta partilham a mesma data de nascimento, o mesmo número de telemóvel e são idênticas fisicamente. Depois de uma investigação, o canal de televisão ucraniano TSN avança que a jovem que muitos acreditam ser filha ilegítima do Presidente da Rússia viveu e estudo na capital francesa.
Entre as várias identidades que assume, Luiza é o nome que mais utiliza durante o seu tempo em Paris. As primeiras menções sobre a sua identidade foram em 2021 — e após a divulgação desses dados foi entrevistada pelo jornalista Andrei Zakharov, através da rede social Clubhouse, que funciona apenas com formato áudio. Nas suas declarações, a jovem não confirmava nem desmentia ligações ao chefe de Estado russo, afirmando que “a sua vida continuou [apesar das notícias] e que tudo estava bem”.
“Não tenho qualquer relação com a política. Faço o que me apetece. Vivo a minha vida. Faço moda”, sublinhou Luiza, que foi confrontada sobre o panorama geopolítico associado ao seu país natal, apesar de esta entrevista ter sido realizada antes do conflito com a Ucrânia ter começado. “Vivo na minha bolha e não vejo televisão. Às vezes sigo as notícias no Telegram, mas não muito”. A alegada filha de Putin reforçava que o seu foco não era qualquer dinâmica familiar com o homem mais poderoso da Rússia, mas sim a normalidade do seu estilo de vida. “Vejo desfiles de moda, compro a revista Vogue, gosto de ir a restaurantes e comer massa, e bisbilhotar com as minhas amigas”, reiterou.
Desde que começou a ser conhecida como filha ilegítima de Putin, as redes sociais de Luiza sofreram um aumento significativo de seguidores. Com o início da guerra, no ano seguinte à entrevista, a sua presença online relaxada, tranquila e ativa mudou.
Fechou os seus perfis e desapareceu completamente do mundo digital, permanecendo uma incógnita se foi por escolha da própria ou pela mão do líder do Kremlin. A verdade é que os milhares de comentários negativos a desejar a morte do alegado pai e convites para ver a destruição da Ucrânia em primeira mão foram suficientes para uma nova mudança de identidade. Em 2022, Luiza Rozova passou a ser Elizaveta Olegovna Rudnova, mantendo o primeiro nome dado à nascença, mas com um detalhe importante nos apelidos. “Olegovna Rudnova”, segundo os jornalistas da TSN, aludia ao amigo próximo de Vladimir Putin, Oleg Rudnov, que morreu em 2015.
A investigação considera impossível a escolha ser um mero acaso e refere que foi Rudnov quem comprou dois apartamentos para a mãe da jovem, Svetlana Krivonogikh, uma acionista do banco Rossiya e uma das mulheres mais ricas do país. Aliás, foi uma investigação à vida desta mulher que permitiu a descoberta de uma relação extraconjugal entre Svetlana e o chefe de Estado da Rússia e, consequente, de uma filha fora do casamento: Elizaveta (Luiza). A antiga empregada de limpeza convertida em milionária foi adicionada, em 2023, à lista de indivíduos afetados por sanções do Reino Unido.
A publicação russa Agentstvo confirmou que Elizaveta adotou este outro nome quando decidiu regressar a São Petersburgo, depois de uma fuga de dados do sistema de reserva de bilhetes de avião revelar que tinha a mesma data de nascimento e número de telemóvel que os outros pseudónimos apresentados pela jovem. O nome “Vladimirnova” foi outro que a descendente de Putin cunhou, possivelmente dando uma pista sobre a identidade do seu pai.
O documentário sobre a investigação produzida pela TSN está disponível no próprio canal de YouTube.