2024 foi um ano de altos e baixos para Iga Siwatek. A polaca começou o ano a ajudar a sua seleção a chegar à final da United Cup e a ser eleita a MVP da prova, apesar da derrota. Chegou ao Open da Austrália como primeira cabeça de série, mas caiu na terceira ronda. Conquistou o Open do Qatar, Indian Wells, Open de Madrid, Open de Roma e Roland Garros, antes de voltar a perder na terceira ronda de um Grand Slam, em Wimbledon. Nos Jogos Olímpicos ficou com o bronze e, no US Open, perdeu nos quartos de final. Chegou a ser número 1 do mundo, acabou na segunda posição do ranking WTA… e da pior forma.

Esta quinta-feira ficou a saber-se que a tenista de 23 anos foi suspensa durante um mês depois de ter testado positivo a trimetazidina, embora a Agência Internacional de Integridade do Ténis (ITIA) tenha provado que a polaca ingeriu a substância proibida, sem qualquer intencionalidade, num “suplemento contaminado” que visava controlar o sono. A trimetazidina é um medicamento que ajuda o organismo a utilizar oxigénio, aumentando o fluxo sanguíneo e limitando mudanças rápidas na pressão arterial. Num atleta permite um aumento da resistência física e faz parte das substância proibidas desde 2014.

O fantasma do número 1 no ténis: depois de Sinner, Swiatek aceita suspensão de um mês após testar substância positiva

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Este caso motivou, naturalmente, várias reações nas últimas horas, entre elas a da romena Simona Halep, que inicialmente foi suspensa durante quatro meses, mas depois viu o seu castigo reduzido para nove meses. Num comunicado partilhado na rede social Instagram, a antiga número um do mundo foi bastante crítica com a ITIA, recordando o tratamento que recebeu na altura da sua suspensão. “Tento entender, mas é realmente impossível entender algo assim. Pergunto-me: ‘Porquê uma diferença tão grande no tratamento e no julgamento?’. Não encontro resposta. Só pode ser má vontade por parte da ITIA, a organização que fez absolutamente tudo para me destruir, apesar do óbvio”, começou por dizer.

“A ITIA queria, com todas as suas forças, destruir os últimos anos da minha carreira. Queria algo que eu nunca imaginaria que pudesse acontecer. Sempre acreditei no bem, acreditei na justiça deste desporto, acreditei na bondade. Como é possível que em casos idênticos ocorridos quase ao mesmo tempo, a ITIA tenha abordagens completamente diferentes em meu prejuízo? Como pude aceitar que a WTA e o conselho de jogadores não me quisessem devolver a classificação que eu merecia? Perdi dois anos de carreira, perdi muitas noites sem dormir, pensamentos, ansiedade, perguntas sem resposta… mas ganhei justiça. Descobriu-se que se tratava de contaminação e que o passaporte biológico era pura invenção”, acrescentou.

“E ganhei algo mais, a minha alma está limpa! Sinto deceção, sinto tristeza, sinto frustração, mas nem sequer agora sinto raiva. Agradeço o apoio incondicional e o amor daqueles que estiveram comigo todos os dias. Obrigado! Dentro de todo o mal, também recebi amor daqueles que realmente me conheciam! Talvez essa seja a maior vitória! Como bem sabemos, o sol nasce todas as manhãs para todos, mas é bom acordar tendo a alma em paz! E é isso que sou, estou feliz e orgulhosa de quem sou”, completou na mensagem.

Ao longo das suas carreiras, Halep e Swiatek encontraram-se quatro vezes e somam duas vitórias cada. A última partida aconteceu nas meias-finais de Indian Wells, em 2022, e sorriu à polaca (2-0), numa altura em que era a terceira cabeça de série e a romena a 16.ª. Antes, Halep venceu nos oitavos de final do Open da Austrália de 2021 (2-1) e nos oitavos de Roland Garros, em 2019 (2-0). Já Swiatek triunfou nos oitavos de Roland Garros-2020 (2-0).

Moore e Kyrgios lado a lado: “Ninguém levou a sério a corrupção nas organizações que nos governam”

Também a britânica Tara Moore se prenunciou acerca deste caso. Em junho de 2022, altura em que estava a fazer a melhor temporada da sua carreira em pares, Moore foi suspensa por ter violado as regras do doping e caiu nos rankings, já que ficou banida até, pelo menos 2023. No final desse ano, um tribunal determinou que a fonte proibida provinha de carne contaminada, mas manteve-a afastada do ténis, por precaução, durante 19 meses. Moore conseguiu provar a sua inocência. “Demorei 19 meses a ‘gerir as mudanças na minha equipa’. Não se esqueçam que o meu caso também foi contaminação e que mais duas pessoas também testaram positivo e houve recursos. Por que ninguém levou a sério a corrupção nas organizações que nos governam?”, questionou.

Já Nick Kyrgios, que raramente deixa algo por dizer e é um dos maiores críticos do caso que assola Jannik Sinner, reagiu na rede social X (antigo Twitter) à suspensão de Kwiatek. Através de uma mensagem curta, mas direta, o australiano escreveu: “A desculpa que agora todos podemos dizer é que não sabíamos. Simplesmente não sabíamos. Profissionais no mais alto nível do desporto podem dizer só que não sabíamos”. A mensagem rapidamente viralizou.