Carlos Fernandes, inspetor policial, foi o primeiro a votar este domingo para as nonas eleições autárquicas em Cabo Verde, numa das mesas da Escola Secundária Abílio Duarte, na capital, Praia.
“Acho importante [votar], por isso, vim logo de manhã”, referiu à Lusa, recordando que sempre o fez: “desde que completei os 18 anos, sempre exerci o meu direito de voto”.
Apesar de a abertura das urnas estar marcada em todo o arquipélago para as 8h00 (9h00 em Lisboa), Carlos foi o primeiro a votar passada cerca de meia-hora, devido à verificação dos boletins de voto, urnas e outros procedimentos.
Meia-dúzia de eleitores já faziam fila quando tudo ficou pronto.
“É muito importante para a nossa democracia. É uma forma que os cidadãos têm de participar ativamente na política, no desenvolvimento do país, porque escolhemos quem vai governar a nossa cidade”, justificou Carlos Fernandes.
No átrio movimentado da escola, Gilda do Rosário, 62 anos, disse que, para ela, votar “é tudo”, seja para “mudar o estado das coisas ou para apoiar aquilo” em que se acredita.
“Gosto de votar de manhã, porque, depois, há muita gente, muita confusão”, explicou.
Cabo Verde é um exemplo em África de processos eleitorais sem sobressaltos, num caminho de aprendizagem, acrescentou.
“Há coisas que precisam ser melhoradas, mas se nós tivermos em conta coisas que acontecem noutras paragens, eu penso que estamos num bom caminho, estamos a aprender”, disse Gilda, que sempre votou, “desde os 18 anos”.
Teresa Mascarenhas entra no recinto a apoiar um jovem com dificuldades motoras, porque acredita que é preciso ajudar a cumprir um direito e dever cívico.
“Para mim é um prazer enorme exercer o voto, para que as outras pessoas não decidam por mim”, referiu.
“Quero apelar a todas as pessoas que ainda estão em casa: é nosso dever votar, escolher quem achamos melhor para o nosso município, concluiu.
As mesas de voto em Cabo Verde estão abertas até às 18h00 (19h00 em Lisboa), com cerca de 352 mil eleitores inscritos nos 22 municípios das 10 ilhas.
Em comparação com as últimas autárquicas, em 2020, são sensivelmente mais 15 mil inscritos e os últimos dias têm sido preenchidos com apelos a uma “votação expressiva”, contra a abstenção, como referiu o Presidente da República, José Maria Neves, numa comunicação à nação, no sábado.
Já antes, na reta final da campanha eleitoral, os principais partidos apelaram igualmente à participação no ato eleitoral.
Em 2020, a abstenção geral na votação para as câmaras foi de 41,6%, com a capital, Praia, a registar a maior taxa, 55,6%, sendo o único dos 22 municípios em que mais de metade dos 86 mil inscritos não votou.
Depois do fecho das urnas, a Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE) tem um portal para divulgação dos resultados provisórios, à medida que os votos forem contados, no endereço eleições.cv na Internet, a partir das 19h00 de Cabo Verde (20h00 em Lisboa).
A logística preparada para este domingo envolve 1.079 mesas de voto.
Cerca de metade dos eleitores estão em três municípios: a capital, Praia, na ilha de Santiago, com 26% dos eleitores, 16% no município de São Vicente, que cobre toda a ilha com o mesmo nome e inclui o Mindelo, segunda cidade mais populosa do arquipélago e 8% em Santa Catarina, no interior da ilha de Santiago.
Em todo o arquipélago, há 62 listas a concorrer às câmaras municipais, entre os quais, cinco movimentos de cidadãos.