O coreógrafo Armando Jorge, de 86 anos, fundador e primeiro diretor da Companhia Nacional de Bailado (CNB), é homenageado, esta quinta-feira, em Lisboa, data em que a entidade assinala o 47.º aniversário do seu primeiro espetáculo, de 1977.

A homenagem decorrerá no Teatro Camões, numa cerimónia marcada para as 17h30, em que o nome de Armando Jorge será atribuído ao estúdio de dança superior nas instalações, na sequência da realização das obras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), segundo a CNB.

A CNB foi criada a 22 de junho de 1977, por despacho do professor, escritor e então secretário de Estado da Cultura David Mourão Ferreira, tornando-se uma das primeiras instituições públicas no domínio das artes performativas a ser criada de raiz, após o fim da ditadura.

Armando Jorge participou na fundação da CNB como conselheiro artístico, tendo assumido então funções de diretor artístico e mestre de bailado, responsável pela respetiva organização e desenvolvimento, entre 1978 e 1993.

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A data da homenagem ao antigo bailarino e coreógrafo coincide com o aniversário da realização do primeiro espetáculo da CNB, a 5 de dezembro de 1977, no Teatro Rivoli, no Porto, onde o programa contou com a interpretação, entre outras obras, do “Canto de Amor e Morte”, de Patrick Hurde (1936-2013) com música de Fernando Lopes-Graça (1906-1994) e cenários e figurinos de Júlio Resende (1917-2011), e “Suite Medieval”, de Brydon Paige (1933-2007) com música de Frederico de Freitas (1902-1980) e cenário de Artur Casais (1937-2022).

“O trabalho de Armando Jorge na CNB como diretor artístico, coreógrafo, mestre de bailado e pedagogo constitui um legado riquíssimo que delineou o percurso da CNB e a preparou de forma sólida para o futuro”, sublinha a companhia, em comunicado.

A homenagem pretende perpetuar o nome e legado do mestre de bailado, “associando-o ao espaço diário de trabalho da companhia, enquanto figura incontornável da dança em Portugal e um pilar fundamental na formação e desenvolvimento da CNB e de muitos bailarinos e bailarinas”, acrescenta o comunicado.

Nascido a 22 de março de 1938, em Lisboa, Armando Jorge iniciou os seus estudos de ballet no Círculo de Iniciação Coreográfica de Margarida Abreu em 1958, vindo a diplomar-se em dança pelo Conservatório Nacional, e em pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.

Foi bailarino solista dos Bailados Portugueses Verde-Gaio, a primeira companhia de dança fundada em Portugal.

Armando Jorge prosseguiu internacionalmente os seus estudos em dança com William Dollar, no American Ballet Theatre, e com Daniel Seilier, na Ópera de Paris, e foi convidado como solista para Les Grands Ballets Canadiens, ascendendo a bailarino principal, em 1965, interpretando grandes clássicos como Giselle, no papel de Albrecht, ou O Lago dos Cisnes, no papel de Siegfried.

Dançou em Londres, Paris, Bruxelas, Zurique, entre outras capitais, incluindo Lisboa, onde recebeu o convite de Madalena Perdigão para integrar o então recém-formado Ballet Gulbenkian, onde ficaria até 1975.

Em 1976, estagiou com o coreógrafo francês Maurice Béjart, vindo a ocupar, de regresso ao Canadá, o lugar de professor da companhia Les Grands Ballets Canadien e da respetiva escola superior, participando um ano depois na fundação da Companhia Nacional de Bailado de Portugal.

Armando Jorge foi distinguido em 1983 Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 2008, elevado ao Grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.