A conferência da ONU sobre desertificação que decorre em Riade termina na sexta-feira, mas ainda subsistem dúvidas sobre a forma de financiar a luta contra o problema e que tipo de protocolo deve ser aprovado.

A reunião da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), ou COP16, na capital saudita foi marcada por promessas de milhares de milhões de dólares para responder à seca e restaurar as terras afetadas pela aridez.

Os debates foram também marcados por alertas sobre o avanço dos desertos e da aridez em todo o mundo e a incapacidade de muitos países para inverter a tendência devido à falta de recursos.

Antes do início dos debates em 2 de dezembro, a UNCCD divulgou que 1,5 mil milhões de hectares de terra precisam de ser restaurados até ao final da década e que são necessários pelo menos 2,6 biliões de dólares de investimento global.

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Mas encontrar o dinheiro é um verdadeiro “desafio”, disse Marcos Neto, diretor do gabinete de apoio ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), citado pela agência de notícias AFP.

“A transição para uma economia verde tem um custo (…) na ordem dos biliões de dólares”, afirmou, considerando que o dinheiro para a recuperação de terras “começou a fluir” e é importante “dar prioridade ao processo e utilizar os recursos existentes”.

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A primeira semana da COP16 registou promessas de mais de 12 mil milhões de dólares de organismos como o Grupo de Coordenação Árabe, um grupo de instituições nacionais e regionais, e a Parceria Global de Riade para a Resiliência à Seca, que visa mobilizar fundos públicos e privados para ajudar os países em risco.

Também foram anunciadas promessas mais modestas, de 11 milhões de euros da Itália e de 3,6 milhões de euros da Áustria para apoiar a implementação da iniciativa da Grande Muralha Verde, que se estende por toda a África, de combate às alterações climáticas e à desertificação.

O PNUD publicou um relatório que indica que a continuação da degradação dos solos custará ao Iémen, devastado pela guerra, 90 mil milhões de dólares em perdas de produção económica e colocará mais 2,6 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.

A dois dias do final das conversações um dos principais pontos de discórdia é também se as conversações deveriam resultar num acordo vinculativo sobre a forma de responder à seca, disse Marcos Neto.

“Alguns países querem um protocolo vinculativo e outros não”, afirmou.

A UNCCD reúne 196 países e a União Europeia.