O jornal Politico divulgou, esta terça-feira, uma lista em que distingue várias personalidades europeias. Para aquele meio de comunicação social, o atual presidente do Conselho Europeu e antigo primeiro-ministro, António Costa, é o oitavo “fazedor” mais influente no continente. Mas a distinção mais importante vai para a chefe do executivo italiano, Giorgia Meloni, considerada a pessoa mais influente na Europa.
Na categoria “fazedor”, de personalidades que se distinguem pela sua capacidade de ação, o primeiro lugar vai para a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, por ter criado as condições para exercer o “controlo centralizado” no próximo mandato de cinco anos à frente. A escolha dos 26 comissários, nos últimos meses, vão permitir à dirigente comunitária alemã “reinar como uma rainha sol absoluta de quem o poder irradia”.
Ainda nesta categoria, em segundo lugar, ficou o Presidente da Rússia: “Ao jogar pacientemente o seu jogo longo, Vladimir Putin alcançou o seu objetivo de fraturar o Ocidente e conquistar partes da Ucrânia”. A fechar o pódio, ficou o primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, por ter conseguido “travar a corrente populista” que enfrenta a Europa.
Em oitavo lugar, está António Costa. O Politico diz que o presidente do Conselho Europeu é um “negociador hábil” que consegue forjar “acordos complexos”. O jornal recorda os tempos de primeiro-ministro de Portugal, durante os quais conseguiu formar “alianças improváveis”, tais como a gerigonça. Ao mesmo tempo, o antigo chefe do Dxecutivo foi desenvolvendo “boas relações” com outros colegas na União Europeia — e de todos os espetros políticos.
Elogiando a capacidade de António Costa “formar pontes”, o jornal indica que o presidente do Conselho Europeu não tem problemas em manter relações com “figuras de extrema-direita”, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. O Politico recorda igualmente que as raízes goesas e moçambicanas do ex-primeiro-ministro, algo que é uma “representação da herança multicultural” da Europa. E que vai ser uma vantagem, permitindo Bruxelas dialogar de forma mais intensa com parceiros em outras geografias, como o Brasil, a Índia ou os países africanos.
Meloni é a mais poderosa na Europa
Para o jornal, a política mais poderosa na Europa é Giorgia Meloni. A primeira-ministra italiana “consolidou o seu governo como um dos mais estáveis que existiu no pós-guerra em Itália”. Se internamente o Politico nota que existe uma “erosão das liberdades civis” — como a guerra que a líder italiana enfrenta contra o poder judicial —, o órgão de comunicação social diz que Giorgia Meloni consegue convencer os altos dirigentes comunitários de que é uma “parceira confiável” que os “apoia em assuntos-chave”.
O braço de ferro entre Meloni e o poder judicial italiano (em que até Musk se envolveu)
“A primeira-ministra de Itália manteve a sua retórica anti-União Europeia em mínimos e evitou colisões com Bruxelas”, escreve o Politico, algo que lhe permitiu granjear uma boa reputação na Europa. O jornal salienta igualmente que os “ventos políticos” estão a favor de Giorgia Meloni, nomeadamente pela fraqueza do eixo franco-alemão e por os partidos mais à direita estarem a ganhar terreno na Europa.
“Ela efetivamente é uma ponte entre a extrema-direita e os líderes democráticos liberais que a veem como uma representante aceitável de um movimento que eles não compreendem na totalidade”, considera o Politico.
Rutte e Merz distinguidos em outras categorias
O Politico distinguiu ainda os maiores “disruptadores” na Europa, atribuindo o prémio a Friedrich Merz, o líder da União Democrata-Cristã (CDU, sigla em alemão) e que está bem colocado para se tornar o próximo chanceler da Alemanha. O jornal atribui este título ao responsável alemão, devido ao seu desejo de “governar como se Angela Merkel nunca tivesse existido”, rompendo com o legado da antiga chanceler.
Já na categoria “sonhador”, o Politico destaca o atual secretário-geral da NATO, Mark Rutte. Para o jornal, o antigo primeiro-ministro neerlandês terá um desafio bastante exigente nos próximos tempos, tentando manter o Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, satisfeito com a aliança transatlântica. Neste contexto, o novo líder da organização militar terá de multiplicar os apelos de aumento das despesas militares nos restantes Estados-membros — e sonhar que isso aconteça.