Mais de 70 aviões e navios chineses estão esta quarta-feira dispostos em torno de Taiwan, informaram as autoridades de Taipé, no âmbito de um importante destacamento naval chinês no Pacífico, que Pequim ainda não anunciou.

Em comunicado, o ministério da Defesa Nacional de Taiwan afirmou que, entre as 6h00 de terça-feira (22h00 de segunda-feira, em Lisboa) e as 6h00 desta quarta-feira (22h00 de terça-feira, em Lisboa), foram detetados 53 aviões e 11 navios de guerra chineses nas proximidades do seu território, para além de oito outros “navios oficiais”.

Estes números são ligeiramente superiores aos registados na véspera, quando Taipé tinha comunicado a presença de 47 aviões chineses, 12 navios militares e nove “navios oficiais” nas imediações da ilha.

Do total de aeronaves, incluindo caças e veículos aéreos não tripulados (“drones”), 23 cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan e entraram nas regiões norte, sudoeste e leste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ, na sigla em inglês) de Taiwan, que circunda completamente a ilha principal de Taiwan, de acordo com um mapa fornecido pelo ministério.

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Nos últimos dias, Pequim tem estado completamente silenciosa face ao que Taipé descreve como uma formidável demonstração de poder militar, com vários navios da marinha e da guarda costeira chinesas a navegar numa área de aproximadamente mil quilómetros, que se estende de Xangai (leste) à província de Fujian (sudeste), no continente chinês.

Nas duas últimas manobras militares em torno de Taiwan, que tiveram lugar a 23-24 de maio e a 14 de outubro, Pequim anunciou publicamente o início e o fim dos exercícios, mas neste caso o silêncio foi absoluto, limitando-se a declarar sete zonas aéreas reservadas em frente às províncias de Zhejiang (leste) e Fujian.

Segundo Taipé, as forças chinesas criaram duas ‘muralhas’ navais no oceano: uma a leste da ADIZ de Taiwan e outra no interior do Pacífico Ocidental, com o objetivo de reafirmar a soberania chinesa sobre o Estreito de Taiwan e intimidar os países da região.

“Em comparação com exercícios militares anteriores, a escala deste exercício é diferente em muitos aspetos (…) A China não está apenas a conduzir operações em torno de Taiwan, mas está também a tentar isolar a região, estendendo as suas forças militares para o exterior”, disse o vice-diretor dos serviços secretos do ministério da Defesa, Hsieh Jih-sheng, em conferência de imprensa.

O destacamento naval surge poucos dias depois de o presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, ter concluído uma digressão pelo Pacífico Sul com visitas aos três aliados de Taiwan na região — as Ilhas Marshall, Tuvalu e Palau — e escalas nos territórios norte-americanos do Havai e Guam, o que irritou a China.

Na sequência da tomada de posse de Lai, em 20 de maio, Pequim intensificou as suas atividades militares em torno de Taiwan: mais de 3.400 aviões militares chineses sobrevoaram Taiwan desde então, dos quais 2.366 atravessaram a linha divisória do Estreito ou violaram a autoproclamada ADIZ de Taiwan, mais 38% do que em todo o ano de 2023, de acordo com os últimos dados do ministério.