Já com uma vaga ideia de onde poderia estar Shergili Farjiani, “tudo funcionou” para a Polícia Judiciária (PJ), que viu o seu trabalho facilitado com a captura do recluso georgiano no norte de Itália, pela mão das forças de segurança italianas. Luís Neves, o diretor nacional da PJ, refere que o “trabalho essencial” foi “dos colegas italianos” e elogia a “utilização dos instrumentos de cooperação internacional”.
Em declarações à RTP, Luís Neves sublinha que este processo de “cooperação internacional” começou “rapidamente” depois da fuga dos cinco reclusos de Vale de Judeus, em setembro, “através da difusão dos mandados de detenção internacionais e dos mandados de detenção europeus”.
“Sempre falámos entre nós que o sul da Europa era uma área onde eles podiam estar“, afirmou o diretor nacional, revelando que uma das medidas aplicadas há três meses foi o estabelecimento de contactos com as autoridades das regiões onde havia maior probabilidade de os cinco se localizarem. “Temos vindo a falar em vários níveis com os colegas, no sentido de evolução das imagens, e sucedeu uma operação da Polizia di Stato numa área onde há a presença de criminosos, de delinquentes de diversa natureza”, confirma.
Apesar de não ter avançado informações sobre possíveis crimes que Shergili Farjiani possa ter cometido entre a fuga de Portugal e a captura em Itália, Luís Neves confirma que o georgiano tem “outro mandado de detenção” emitido pela Grécia e que, no momento em que foi interpolado pelas autoridades italianas, “não tinha documentos e utilizou outras identidades que não eram verdadeiras“, acabando por ser identificado através das suas impressões digitais.
O diretor nacional da PJ admite que não há “necessidade” de destacar agentes da força de segurança para Itália, para acompanhar o processo de extradição, referindo ter “outros instrumentos tecnológicos” que facilitam a comunicação entre as autoridades. Por sua vez, discutir o seu regresso a Portugal é “absolutamente irrelevante”, uma vez que os “mandados de detenção europeus têm uma agilização mais rápida e mais eficaz” do que os internacionais e, por isso, Luís Neves afirma estar “certo e seguro” que terão notícias sobre o seu destino em breve, com a certeza de que “cumprirá o resto da pena que lhe falta”.
A missão da Polícia Judiciária continua a ser encontrar os dois reclusos ainda a monte, Rodolfo Lorhmann e Mark Roscaleer, mas Luís Neves expressa o seu otimismo, sublinhando que “a PJ tem tempo”. “Uma vez que já falta menos gente, temos mais capacidade de nos concentrar. Sendo certo que nem na melhor das hipóteses julgava plausível que, ao fim de três meses, três destes evadidos já estavam recapturados”, esclarece o diretor nacional.
Sobre o processo de extradição de Fábio Loureiro, que ainda se encontra em Marrocos dois meses depois de ter sido detido pelas autoridades marroquinas, Luís Neves faz suas as palavras da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, referindo que o português deverá voltar para Portugal em breve, uma vez que “não se opôs” à extradição.