O Presidente da China, Xi Jinping, apelou à generalização do uso do chinês mandarim nas regiões fronteiriças do país, visando a “manutenção da segurança nacional” e da “estabilidade social”, avançou hoje a imprensa estatal.

Durante uma sessão de estudo do Politburo do Partido Comunista Chinês, na terça-feira, a cúpula do poder na China, Xi disse que manter a segurança e a estabilidade é o “requisito básico” para a governação das fronteiras, de acordo com a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

O líder chinês disse que devem ser feitos esforços para melhorar a governação social, as infraestruturas e “a capacidade geral de defender o país e salvaguardar as fronteiras”.

Xi afirmou ainda que é necessário orientar todos os grupos étnicos das regiões fronteiriças para que “reforcem continuamente o seu reconhecimento da nação e da cultura chinesa e do Partido Comunista”.

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A utilização da língua chinesa comum, o mandarim, deve ser promovida nessas regiões e os manuais escolares unificados a nível nacional, apontou.

“Devemos continuar a aprofundar os esforços em matéria de unidade étnica e progresso, construir ativamente uma estrutura social integrada e um ambiente comunitário e promover a unidade de todos os grupos étnicos — como sementes de romã firmemente unidas”, afirmou.

Xi renovou estes apelos durante uma sessão de estudo do Politburo sobre a história da governação das fronteiras chinesas.

A cúpula do poder na China realiza regularmente este tipo de sessões, sendo a discussão geralmente conduzida por um académico — esta foi conduzida por Li Guoqiang, vice-presidente da Academia Chinesa de História.

As zonas fronteiriças da China estendem-se por cinco províncias — Yunnan (sudoeste), Gansu (noroeste) e Jilin, Liaoning e Heilongjiang (nordeste) — e por quatro regiões autónomas — Tibete e Xinjiang (oeste), Mongólia Interior (norte) e Guangxi (sul).

As tensões étnicas nessas regiões autónomas, especialmente em Xinjiang e no Tibete, têm sido historicamente um desafio para Pequim.

Em agosto, as autoridades de Xinjiang prometeram fazer da estabilidade e da segurança a sua principal prioridade e transformar a região numa “barreira estratégica” contra riscos geopolíticos.

Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, o Cazaquistão, o Tajiquistão e o Quirguizistão. A China é acusada de graves violações dos direitos humanos das minorias étnicas de origem muçulmana na região. Pequim nega as alegações.

Nos últimos anos, as autoridades também intensificaram os esforços para promover o ensino do mandarim, no âmbito de um esforço nacional para assimilar membros das minorias étnicas à cultura dominante dos Han, a etnia predominante da China.

Estes apelos têm sido controversos. Em 2020, os esforços para promover a utilização do mandarim em vez do mongol nas escolas da Mongólia Interior provocaram protestos de rua em grande escala devido ao receio de que a língua nativa fosse eliminada.

O desenvolvimento das zonas fronteiriças deve ser integrado na estratégia global de modernização ao estilo chinês, nas estratégias regionais de desenvolvimento coordenado e nas principais estratégias regionais”, afirmou Xi, de acordo com a Xinhua.

O líder chinês também apelou aos esforços para apoiar as zonas fronteiriças a aproveitar os seus recursos e vantagens para alcançar o desenvolvimento.

Xi pediu ainda a uma maior investigação multidisciplinar sobre a história e a governação das fronteiras e à aceleração dos esforços para criar um “sistema de conhecimento” chinês sobre estudos fronteiriços.