Os astros pareciam estar a alinhar-se para um regresso de Luís Figo a Portugal de forma mais “presente”, as intenções acabaram por não seguir em frente. A determinada altura do processo, a hipótese de o antigo Bola de Ouro assumir uma candidatura à liderança da Federação acabou por cair mas nem por isso deixou de estar “presente” em questões ligadas ao futebol nacional, como se viu esta semana no vídeo de apresentação da candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos à organização do Mundial de 2030, onde surge ao lado do antigo internacional espanhol Fernando Llorente e do ex-companheiro marroquino Noureddine Naybet, com quem jogou no Sporting na última época antes de partir para Barcelona no verão de 1995.
A partir daí, tudo mudou na vida de Figo. Por várias vezes foi tentado a assumir cargos em Portugal (antes da Federação, e já há alguns anos, reuniu com um grupo de conhecidos sportinguistas antes de um ato eleitoral para aferir sobre a possibilidade de juntar-se a uma lista, na liderança da Direção e/ou da SAD), nunca saiu de Espanha, mais concretamente de Madrid, para onde regressou após terminar a carreira no Inter. Dentro de um quotidiano agitado, sempre com vários compromissos que o fazem andar muitas vezes de avião em avião, o antigo jogador vai aparecendo em inúmeros eventos mas são raras as ocasiões em que dá entrevistas televisivas e a outros órgãos de comunicação social. Esta semana, aceitou falar para ambos.
Já depois de ter saído a conversa com o El Mundo, Luís Figo, um dos três Bolas de Ouro portugueses a par de Cristiano Ronaldo e Eusébio, marcou presença no conhecido programa televisivo espanhol “La Revuelta”, apresentado por David Broncano. E foi aí, num formato mais “descontraído”, que falou do dinheiro que tem na conta, da vida pessoal e profissional depois de deixar de jogar futebol e também… do Sporting.
“Porque continuo ainda a trabalhar? Temos de produzir… Alguém tem de trabalhar neste país. Se passámos toda a nossa vida com um horário e uma rotina, se gostamos de produzir… É ser empresário, é ter sucesso, é fazer bem as coisas, é produzir emprego, gosto da sensação de fazer bem as coisas. Sou português mas pago impostos aqui [em Espanha], seria bom que se unissem mas depende de quem sabe governar. Quanto tenho na conta? Bem, depende do valor que as autoridades fiscais atribuem à minha propriedade… Tenho mais do que pensas e menos do que quero, entre os 20 e 50 milhões de euros”, comentou o antigo extremo.
“Tenho muitos amigos do Atl. Madrid e sempre respeitei muito o Atl. Madrid. É uma equipa que sofre muito no geral. Comparo-a muito com a minha equipa em Portugal, o Sporting. Uma equipa que é grande mas ganha pouco e sofre muito”, explicou depois de seguida, quando falou mais de questões desportivas. De recordar que, após ter feito a formação e a estreia nos seniores em Alvalade, Figo, que foi proibido de jogar em Itália em 1995 por ter contratos com Parma e Juventus em simultâneo, assinou pelo Barcelona depois de conquistar o primeiro e único título na equipa principal pelos leões (Taça de Portugal de 1995) e mudou-se para o Real Madrid em 2000 como “promessa” eleitoral do ainda presidente Florentino Pérez. “Porque nunca fui para o Atl. Madrid? Nunca tive propostas, não podiam pagar. Jesús Gil assinou com o Futre”, recordou.
Antes, ao El Mundo, a propósito do evento La Liga EA Sports X FC 25Rush, uma competição que mistura um encontro clássico de videojogos com a realidade onde estaria com Carles Puyol e vários streamers espanhóis, Luís Figo, que recordou os tempos de Seleção em que se jogavam muitos jogos até mais de estratégia com Rui Costa e Jorge Costa (o Football Manager) dizendo que quando era mais novo ligava mais – foi por exemplo o primeiro a ter um Game Boy original no então plantel do Sporting, no início dos anos 90 –, falou também do Real Madrid de agora e do seu tempo de Galáticos e da longevidade de Cristiano Ronaldo.
“Vitória com a Atalanta? O Real Madrid começa sempre na frente quando tem de cumprir. A Liga dos Campeões é a prova deles. Apesar das dificuldades no início, acredito que terá opções até aos momentos decisivos. É um ano difícil por causa do Campeonato da Europa, porque eles tiveram poucas férias e temos que lhes dar tempo. Comparação com a geração dos Galáticos? Não gosto de comparar porque sai sempre alguém prejudicado. São gerações diferentes, os rivais são diferentes, o futebol é diferente… A única coisa parecida é o Real Madrid ter os melhores jogadores do mundo. Nesse caso sim, mas cada um tem o seu estilo e são tempos diferentes. Não sei como faríamos agora ou como eles fariam no nosso tempo. Há que aproveitar cada geração”, comentou o antigo internacional que esteve nos merengues entre 2000 e 2005 ganhando uma Champions, uma Supertaça Europeia, uma Intercontinental, duas Ligas e duas Supertaças.
“Cinco ideal? Eu, Iker [Casillas], Roberto [Carlos], Ronaldo e Zidane. Longevidade de Cristiano Ronaldo? Cada um saberá quando tem que parar, de acordo com as suas condições. Parei aos 36 anos e não aguentava mais. O Cristiano é um tipo excecional em tudo o que faz e continuará sempre a surpreender-nos. Acho que cada um tem que pensar quando se vai retirar. É melhor teres consciência do momento em que estás seguro para o fazer. Ligação com Benzema e Bale? Acredito que pode ser importante darem-se bem. Em termos de jogo será sempre mais importante cada um saber o seu papel e o que tem de dar à equipa. No final, os egos podem destruir-te em termos de ambiente, resultados e equipa”, salientou Luís Figo.