Como tem sido habitual nos últimos tempos, os sócios do Benfica voltaram a reunir-se durante a manhã deste sábado para continuarem o processo de revisão estatutária. Dada a complexidade do processo e a apresentação de dezenas de propostas, a revisão tem-se estendido ao longo dos últimos meses e é um dado adquirido que só terminará em 2025. A primeira reunião magna aconteceu em setembro e fez correr muita tinta, já que Fernando Seara, presidente da Assembleia-Geral, demitiu-se durante a sessão. Seguiu-se nova sessão em outubro e, com os ânimos mais calmos, os sócios aprovaram a limitação de três mandatos nos órgãos sociais e clarificaram o uso do voto eletrónico.

Benfica aprova limitação de três mandatos nos órgãos sociais em AG estatutária

Para este sábado estava marcada nova Assembleia-Geral Extraordinária, a decorrer em novo local: o Pavilhão n.º 2 da Luz, devido à realização de jogos das modalidades no pavilhão principal e à fraca adesão dos sócios na segunda reunião. Como principais tópicos de discussão estavam em cima da mesa os votos das Casas do Benfica, a possibilidade de haver uma segunda volta nas eleições e a criação de listas separadas para a direção do clube e a mesa da Assembleia-Geral. O presidente da mesa, José Pereira da Costa, iniciou os trabalhos às 10 horas, na segunda chamada, e a sessão prosseguiu a partir do artigo 50.

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Nas primeiras horas de deliberação, os sócios votaram favoravelmente a proposta relativa à possibilidade de as Assembleias-Gerais Extraordinárias serem convocadas com 10 mil votos dos sócios efetivos proponentes, ao contrário dos 15 mil sugeridos. Neste capítulo, foi também aprovada à obrigação de as assembleias serem convocadas para um dia não útil e com, pelo menos, 30 dias de antecedência, em contraste com os 15, e ainda a criação de uma terceira assembleia ordinária, proposta que foi apresentada por João Diogo Manteigas, líder do movimento Benfica Vencerá e, até ao momento, o único candidato às eleições do clube de 2025.

Na segunda parte da Assembleia-Geral, os sócios discutiram os artigos até ao fim e aprovaram por larga maioria, acima dos 80% dos votos, os pontos que geraram mais discussão. Assim, as eleições do clube da Luz passam a ter listas separadas para os órgãos sociais, a segunda volta das eleições passa a estar contemplada caso um candidato não alcance a maioria dos votos e as Casas do Benfica perderam o direito de voto. Terminada a revisão estatutária, a proposta alcançada terá de passar por uma votação final, pelo que o início do próximo ano será marcado por nova reunião dos associados encarnados.

A sessão deste sábado terminou com o habitual discurso do presidente Rui Costa, que agradeceu aos sócios o “excelente trabalho desenvolvido”. “Saio daqui muito feliz porque, independentemente das ideologias ou das vontades de cada um e das alíneas que foram discutidas, este documento foi feito pelos sócios do Benfica. Não importa agora se eu, a Direção ou quem está desse lado preferia que esta alínea fosse a, b, c ou d. Importa que foi escolhido pelos sócios do Benfica em três Assembleias-Gerais longas. Como alguém aqui disse, se alguém quisesse alterar, que estivesse presente. Uns não puderam outros não quiseram”, acrescentou.

“A partir de hoje este documento é do Benfica e não da Direção ou de a, b, c ou d. Acredito que este foi o processo mais democrático da história do clube. Não há estatutos tão democráticos como estes. Foi isso o que pretendíamos, independentemente das ideologias. Queria – não poderia deixar de fazê-lo – agradecer ao presidente da Mesa da Assembleia-Geral. Não foi fácil. Não seria um processo fácil, muito menos o foi dada a forma como ele assumiu o cargo, a determinada altura, no meio de uma Assembleia-Geral. Muito obrigado a todos pelo vosso empenho e dedicação. Quero desejar boas festas a todos e que nessas boas festas possamos passar o Natal em primeiro lugar”, terminou o presidente, recordando a demissão de Seara.