O Sindicato dos Jornalistas reuniu-se este sábado com o Presidente da República para discutir a situação na Trust in News (TiN), tendo Marcelo Rebelo de Sousa prometido ajudar a “deixar claro que é uma situação de urgência”.
“Desta audiência o que saiu foi o compromisso do Presidente da República, das formas que puder, em ajudar-nos a deixar claro que isto é uma situação de urgência e que se devem preservar os títulos, porque é o jornalismo que está causa”, disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Luís Filipe Simões, após ter sido recebido pelo chefe de Estado em Belém.
A dona da Visão, Jornal de Letras, Exame, entre outros, está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.
“Fizemos ver que há títulos muito importantes — são 17 — que corremos o risco de perder. E fomos sensibilizar o Presidente, que já estava sensibilizado, percebe a urgência e o momento que estamos a viver”, salientou Luís Filipe Simões.
De acordo com o dirigente sindical, Marcelo Rebelo de Sousa está “preocupado com as dificuldades na comunicação social” e com a perda de pluralidade, “se os órgãos de comunicação social forem desaparecendo”.
“Em todos os momentos o Presidente da República tem sinalizado e alertado para a necessidade de se defender o jornalismo livre e independente. Estou certo que mais uma vez o fará junto do Governo, exercer esta magistratura de influência. Estamos perante um caso que é muito delicado e que, além destas empresas, destes trabalhadores, destes órgãos de comunicação social, o que está em causa é também a democracia, e isso é o que nos deve preocupar a todos”, vincou.
E sustentou: “Uma democracia saudável precisa de um jornalismo saudável”.
À Lusa, Luís Filipe Simões lembrou ainda o encontro de quinta-feira com o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, que “manifestou a intenção de ajudar de todas as formas, que estejam ao dispor do Governo e que a lei permita”.
“O que Governo se comprometeu com o SJ foi precisamente, nos quadros legais, tentar defender e, de alguma forma, viabilizar a vida destes órgãos de comunicação”, disse, acrescentando que “não há tempo para se defender a TiN”.
A TiN viu o seu Processo Especial de Revitalização (PER) ser reprovado em 05 de novembro, tendo em 12 de novembro a administração anunciado a sua intenção de apresentar um plano de insolvência. O grupo foi considerado insolvente em 04 de dezembro, tendo o tribunal fixado em 30 dias o prazo para reclamação dos créditos e assembleia de credores para 29 de janeiro, segundo a sentença a que Lusa teve acesso.
Na semana passada, os trabalhadores do grupo TiN concentraram-se na Praça Luís de Camões, em Lisboa, para exigir o pagamento dos salários em atraso e em defesa dos postos de trabalho, do jornalismo e da democracia.
O SJ vai ser ouvido na próxima quarta-feira pela Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de um requerimento acerca da situação dos trabalhadores do Grupo Trust in News.
No entanto, os trabalhadores lançaram uma campanha de ‘crowdfunding’ (financiamento coletivo) na sexta-feira para responder às situações de maior fragilidade no grupo, tendo sido criada a conta solidária TiN (PT50 0035 0734 00024 147430 06).
A perspetiva dos 140 trabalhadores é de receberem apenas um salário no final de dezembro, mas ainda não têm confirmação de que tal se vá concretizar.