O arquivo documental de Pedro Cabrita Reis inclui cartas pessoais, fotografias, esboços, catálogos, registos rigorosos da correspondência que acompanhou a produção de exposições, assim como convites, cadernos de notas, cartazes e outros documentos, de acordo com a fundação.
Este acervo será “objeto de tratamento, estudo e disseminação através de diversas iniciativas, como exposições, conferências, apresentações e atividades educativas, apresentadas tanto em Serralves, como noutras instituições nacionais e internacionais, garantindo o seu acesso a um público muito alargado”.
A fundação recorda a “longa relação” de Pedro Cabrita Reis com aquela instituição, que remonta a 1999, ano em que esteve patente no então recém-inaugurado museu uma exposição do artista.
Vinte anos depois, Pedro Cabrita Reis “regressou para apresentar ‘A Roving Gaze’, uma exposição especificamente concebida para os espaços e salas desenhados por Álvaro Siza”.
Além disso, os trabalhos do artista estão “amplamente representados na Coleção de Serralves, desde 1989, ano de criação da Fundação, e a sua presença na Coleção foi agora reforçada pela obra ‘Ponte’, instalada em permanência no Lago de Serralves”.
A Fundação de Serralves acolhe uma série de arquivos de outros artistas portugueses, como do arquiteto Álvaro Siza, do cineasta Manoel de Oliveira, do pintor Julião Sarmento, da coreógrafa Vera Mantero e do fotógrafo Fernando Guerra, entre outros.
Nascido em Lisboa, em 1956, Pedro Cabrita Reis fez formação académica em pintura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em 1983, e da sua trajetória destacam-se exposições individuais como “Work Always in Progress”, no Centro Galego de Arte Contemporânea (CGAC), Santiago de Compostela, em Espanha (2019), “La Casa di Roma”, um trabalho realizado especificamente para o museu Maxxi, em Roma, Itália (2015), e “A Linha do Vulcão”, no Museu Tamayo Arte Contemporãnea, no México (2009).
Participou também em importantes exposições internacionais como a Documenta IX de Kassel, em 1992, a Bienal de São Paulo, em 1994 e 1998, a Bienal de Veneza, em 1997 e 2013, e a Bienal de Lyon, em 2009.
Em 2003, na 50.ª edição da Bienal de Veneza, Pedro Cabrita Reis foi o representante oficial de Portugal.
A sua obra está representada em coleções de instituições internacionais como a Tate Modern, em Londres, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a Hamburger Kunsthalle, em Hamburgo.
Este ano, Pedro Cabrita Reis teve patente em Lisboa a exposição “Atelier”, na qual apresentou, em oito pavilhões da Mitra, mais de 1.500 obras que criou ao longo dos últimos 50 anos.
“Atelier”, visitada por mais de 17 mil pessoas, incluiu obras criadas por Pedro Cabrita Reis, “um pintor que faz umas esculturas engraçadas de vez em quando”, como se definiu.
O acervo exposto abrangia produção desde o início da década de 1970 até à atualidade, havendo 15 a 20 peças que surgiram durante a montagem da exposição, contou o artista à Lusa, numa visita antes da inauguração, em maio.
Entre as peças mais antigas de “Atelier” estavam trabalhos sobre papel e pinturas a óleo e tela, datados de quando Pedro Cabrita Reis era ainda adolescente, e “já tinha absoluta clareza” que ia ser artista, e que o seria “toda a vida”.
Embora na mostra estivessem expostas mais de 1.500 peças, no armazém onde Pedro Cabrita Reis guarda o seu acervo pessoal ficaram ainda muitas outras.
“O que está aqui é uma grande parte, seguramente mais do que dois terços, mas tenho ainda outras obras no mesmo armazém de onde estas vieram”, contou.
Pedro Cabrita Reis partilhou com a Lusa que trabalha “desalmadamente”, está “sempre a trabalhar”.
“Tenho essa disposição interior. Ainda que não seja com as mãos, o artista está sempre a trabalhar. Olhar em redor, sinalizar as coisas em redor, e ver através delas aquilo que elas podem dar como potencial motivo para a criação de uma obra, ou para o aprofundamento de um qualquer pensamento – na, da e para a criação artística”, partilhou.