A ministra britânica das Finanças, Rachel Reeves, disse este sábado, em Pequim, que a China e o Reino Unido podem “aprofundar os laços nos mercados de capitais”, já que Londres é um “lar natural” para as empresas financeiras chinesas.

“Temos oportunidades de aprofundar os laços entre o Reino Unido e a China nos mercados de capitais”, disse Reeves ao encontrar-se com o seu homólogo chinês, He Lifeng, na Diaoyutai Guesthouse de Pequim, segundo a imprensa local, citada pela agência Efe.

Reeves é o mais alto funcionário do governo britânico a visitar a China desde que a então primeira-ministra Theresa May manteve conversações com o Presidente chinês Xi Jinping há sete anos, tendo participado no 11º Diálogo Económico China-Reino Unido em Pequim.

A visita surge numa altura em que as condições financeiras do país se deterioram, com os rendimentos das obrigações a atingirem os níveis mais elevados do século e a libra esterlina a cair em relação ao dólar e ao euro, uma vez que as taxas de juro das obrigações soberanas do Reino Unido continuam a subir devido aos receios dos investidores de uma estagflação (inflação elevada com estagnação económica) no Reino Unido.

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“É crucial que trabalhemos juntos ainda mais estreitamente na cooperação regulamentar”, disse Reeves na reunião, acrescentando que o reinício deste mecanismo de diálogo após quase seis anos é “de grande importância”.

Os britânicos “estão dispostos a reforçar o diálogo franco e a cooperação mutuamente benéfica com a China para promover o desenvolvimento económico dos dois países”, afirmou.

He, por sua vez, afirmou que Pequim espera que o fórum ajude a desenvolver a internacionalização do yuan chinês, a aprofundar os laços entre os mercados de capitais dos dois países e a reforçar a cooperação no domínio das finanças ‘verdes’ noutros domínios.

Reeves também se reuniu este sábado com o vice-presidente chinês Han Zheng, que afirmou que os dois países são “dois pesos pesados financeiros” e que “o reforço da cooperação económica e financeira no espírito da nossa parceria estratégica é de grande importância para promover o crescimento económico, melhorar a vida das pessoas e incentivar o desenvolvimento ‘verde’ nos dois países”, noticiou a agência estatal de notícias Xinhua.

“Também injetará confiança e ímpeto no desenvolvimento da economia mundial”, acrescentou Han.

O vice-presidente chinês disse que a China está “disposta a expandir ainda mais a abertura e os intercâmbios com o Reino Unido, aumentar a compreensão e a confiança mútuas e aprofundar a cooperação mutuamente benéfica para gerar mais benefícios para os dois países e para o mundo”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse na sexta-feira que as duas partes iriam “abrir discussões sobre política macroeconómica e globalização económica, comércio e investimento, cooperação industrial, desenvolvimento do mercado financeiro e cooperação reguladora financeira”.

A ministra é acompanhada na sua viagem pelo governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, e pelo diretor executivo da Autoridade de Conduta Financeira britânica, Nikhil Rathi, bem como por outros representantes das maiores empresas do setor financeiro britânico.

A viagem da ministra britânica surge na sequência de uma reunião realizada durante a cimeira do G20, no outono passado, entre o Primeiro-Ministro, Keir Starmer, e Xi, onde acordaram aprofundar as relações económicas e comerciais e abordar questões em que os pontos de vista divergem.