O Governo recusou-se esta quinta-feira a “falar sobre cenários” relativamente à entrada em vigor de um orçamento por duodécimos em janeiro de 2016, apelando à “responsabilidade de todos os agentes políticos” nesta matéria.

Questionado na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros sobre o que acontece a algumas medidas incluídas no Orçamento do Estado para 2015, que é uma lei anual, o ministro da Presidência, Marques Guedes, afirmou que “estar a falar sobre isso é estar a falar sobre cenários”.

O governante disse ainda esperar que esses cenários “não venham a acontecer porque, de facto, o país não está em condições nem de alterar trajetórias nem de criar situações de indefinição prolongadas relativamente aos seus objetivos de consolidação financeira e de recuperação da economia”. E deixou ainda um recado: “O que é expectável é a responsabilidade de todos os agentes políticos em Portugal para que não seja deitado a perder tudo o que se conseguiu com muitos sacrifícios, mas com um assinalável sucesso”.

O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares referiu-se à Lei de Enquadramento Orçamental para explicar que “o princípio geral é o princípio da prorrogação de todas as medidas implícitas do orçamento”, em caso de não aprovação de um novo orçamento.

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No entanto, Marques Guedes apontou como exceção “as autorizações de receitas que expressamente no orçamento tenham sido colocadas para vigorar apenas num determinado ano económico”.

“Não é necessariamente o caso da sobretaxa [em sede de IRS], do meu ponto de vista, mas não queria entrar nesse cenário”, adiantou Marques Guedes, acrescentando que, “tecnicamente, o problema tem sempre solução”.

“Apenas tecnicamente, mesmo que venha a haver alguma questão relativamente às receitas a cobrar [em 2016], havendo ou não prorrogação do Orçamento do Estado [de 2015], o que seria a solução seria a aprovação [dessas medidas] fora do orçamento”, explicou o governante.

Isto por que a apresentação da lei orçamental na Assembleia da República é competência “exclusiva do órgão de soberania Governo”, mas o parlamento “tem iniciativa legislativa em todos os domínios fiscais com impacto orçamental”.