O ativista luso-angolano Luaty Beirão estava “lúcido e a discorrer com clareza” quando o embaixador de Portugal em Luanda, João da Câmara, o visitou hoje, segundo informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) divulgada hoje à tarde em Lisboa.

“O Embaixador de Portugal em Luanda pôde testemunhar que Luaty Beirão estava lúcido e a discorrer com clareza, e, tanto quanto é possível aferir numa visita, a ser bem acompanhado em termos médicos”, segundo o texto enviado à agência Lusa.

João da Câmara não fez quaisquer declarações, quando saiu da clínica na capital angolana, onde se deslocou para estar com o ativista Luaty Beirão, sob detenção e em greve de fome há 32 dias.

O encontro do diplomata com o ativista angolano, um dos 15 detidos desde junho acusados de atos preparatórios para um golpe de Estado e um atentado contra o Presidente de Angola, durou cerca de 20 minutos e tinha sido anunciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português para as 11:00 (mesma hora em Lisboa) de hoje.

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O encontro aconteceu, no entanto, uma hora antes e no final o embaixador João da Câmara, à Lusa, escusou-se a prestar declarações sobre o teor e propósito do mesmo, remetendo qualquer informação para o MNE, em Portugal.

No texto de hoje, o MNE garante que “Portugal prossegue o acompanhamento da situação de Luaty Beirão e de todos os detidos no caso presente, através de contactos junto das autoridades angolanas, quer a nível bilateral, quer em coordenação com os seus parceiros da UE”.

No passado dia 17, representantes de cinco embaixadas europeias em Luanda, incluindo Portugal, visitaram o ativista angolano na clínica onde está internado há duas semanas, por precaução, dado o seu estado de saúde.

A mesma delegação visitou na quarta-feira o hospital prisão de São Paulo, em Luanda, onde se encontram os restantes 14 ativistas detidos neste processo, tendo reunido individualmente com todos.

As reuniões, que a Lusa acompanhou no interior do estabelecimento prisional, foram lideradas pela chefe da secção política da Delegação da União Europeia em Angola, a portuguesa Joana Fisher.

No final, a responsável garantiu que a União Europeia “acompanha com atenção” o caso dos 15 ativistas detidos em Angola, mas sem adiantar mais pormenores, além de uma declaração sobre a visita.

“No que concerne à situação dos defensores dos direitos humanos e outros ativistas no país, a União Europeia tem desenvolvido esforços reiterados e tem pugnado pelo cumprimento das garantias processuais previstas na lei angolana”, afirmou, ao fim de mais de três horas de reuniões.

Os adidos políticos das embaixadas europeias reuniram isoladamente, entre as 15:30 e as 18:30 (mesma hora de Lisboa), com nove dos ativistas, encontros que prosseguiram no resto do dia.

“A União Europeia tem cooperado com as autoridades angolanas na promoção dos direitos humanos e aborda regularmente este assunto com as autoridades”, disse, adiantando que não estão, para já, previstas novas iniciativas neste processo por parte da Delegação da União Europeia em Angola.

Os diplomatas não revelaram o teor da conversa com os reclusos.