As autoridades francesas já tinham manifestado preocupação com as questões de segurança em redor dos grandes eventos que estão previstos para os próximos meses em França, entre os quais a realização do campeonato europeu de futebol de 2016. Mas os ataques desta sexta-feira em Paris reavivaram o tema. Ao jornal L’Équipe, Noel Le Great, presidente da Federação Francesa de Futebol, afirmou que o atentado de janeiro passado à redação do semanário satírico Charlie Hebdo já tinha deixado “uma grande peocupação. Obviamente que hoje [sábado] é mais forte. ”

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou os atentados de sexta-feira, em Paris, que causaram pelo menos 127 mortos, entre os quais um português, e 180 feridos. Oito terroristas, sete deles suicidas, usaram cintos com explosivos para levar a cabo os atentados. Todos morreram, de acordo com a informação disponível. Os ataques ocorreram em pelo menos seis locais diferentes da cidade, entre eles uma sala de espetáculos e o estádio nacional, onde decorria um jogo de futebol entre as seleções de França e da Alemanha, recordou a Lusa.

Com França em estado de emergência, declarado na própria sexta-feira pelo presidente do país, François Hollande, o Euro 2016 passou para a primeira linha em matéria de segurança. O evento está agendado para o período que decorre entre 10 de junho e 10 de julho do próximo ano. As partidas previstas entre as 24 seleções nacionais que vão disputar o título vão decorrer em nove cidades francesas. A Bordéus, Lens, Lille, Lyon, Marselha, Nice, Saint-Etienne e Toulouse, junta-se a capital, Paris, onde vão ser utilizados dois estádios, incluindo o estádio de França, onde decorria um encontro amigável entre as seleções gaulesa e germânica à hora em que se ouviram explosões nas imediações do recinto desportivo.

Jacques Lambert, presidente da comissão de organização do Euro 2016, admitiu neste sábado que podem vir a ser tomadas medidas de segurança suplementares durante a competição, e garantiu que a segurança tem sido sempre uma preocupação. “A minha principal preocupação é garantir segurança máxima, mesmo que isso signifique a aplicação de medidas ‘menos simpáticas’. O que me importa é que as pessoas regressam seguras a casa”, afirmou.

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Lambert garantiu que a segurança é, como sempre foi, um ponto crucial para os organizadores do torneio, que juntará 24 seleções entre as quais a portuguesa. Horas depois dos atentados em Paris, que causaram, pelo menos, 129 mortos, Lambert afirmou que é sabido que França “é sempre um alvo potencial” de atentados. Jacques Lambert assegurou que os atentados de sexta-feira não mudam as medidas de segurança que estão a ser articuladas como o Ministério do Interior, apenas obrigam a uma reavaliação do seu nível.

Quando do ataque ao Charlie Hebdo, em que faleceram 17 pessoas, Jacques Lambert afirmou que o evento estava sob um “risco” que tinha passado de “teórico” a “tangível e palpável”. O cancelamento do Euro 2016, que deverá atrair um milhão de visitantes a França, parece estar fora de causa, mas há futebolistas que já manifestaram apreensão. O defesa italiano Leonardo Bonuci afirmou que aqueles que “têm responsabilidades” na organização “têm de tomar as medidas necessárias”. E acrescentou, citado pelo Telegraph: “no fim, são os inocentes que pagam o preço por tudo isto, por causa de pessoas que apenas querem magoar os outros”.

Ao Euro 2016 soma-se a realização, em breve, da cimeira das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, em que estarão presentes 127 líderes mundiais, segundo as confirmações já efetuadas. Laurent Fabius, ministro dos Negócios Estrangeiros de França, referiu neste sábado que o encontro se mantém agendado para Paris de 30 de novembro a 11 de dezembro próximos. “A conferência será realizada com medidas reforçadas de segurança, mas esta é uma iniciativa absolutamente indispensável para combater as alterações climáticas”. As declarações de Fabius foram prestadas em Viena, onde o responsável francês participa numa reunião destinada a discutir a guerra na Síria.