Os membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) chegaram finalmente a um acordo sobre a guerra civil na Síria. Os 15 Estados membro aprovaram esta sexta-feira, de forma unânime, uma resolução que pode levar ao início das negociações entre governo e oposição no país, e a um cessar-fogo em simultâneo, já a partir do início do próximo mês de janeiro.

A resolução afirma que a “única solução duradoura para a atual crise no país passa por um processo político inclusivo e liderado pela Síria que vá ao encontro das legítimas aspirações do seu povo”, como fora referido em negociações anteriores em Genebra e Viena.

Esta é a primeira vez em que os Estados Unidos e a Rússia estão de acordo quanto a uma estratégia política para terminar o conflito na Síria, relata o jornal norte-americano The New York Times.

A guerra na Síria começou há quase cinco anos, em março 2011, e já causou a morte a 250 mil pessoas, tendo ainda deslocado milhões de sírios das suas casas, segundo números das Nações Unidos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, já comentou a resolução, dizendo que a posição conjunta envia “uma mensagem clara para todos os envolvidos, de que esta é a altura para parar as mortes na Síria”.

“A resolução que acordámos é um marco importante, porque estabelece objetivos específicos e prazos específicos” disse ainda John Kerry, em declarações reproduzidas pela BBC.

A resolução estabelece ainda que ataques feitos a organizações terroristas não estão contemplados no acordo, o que permite que “a grande coligação” anunciada pela França (e que inclui a Rússia e os Estados Unidos) continue a bombardear alvos estratégicos do Estado Islâmico.

Para além disso, o texto conjunto dos 15 Estados membros evita ainda abordar o futuro do presidente sírios Bashar al-Assad, segundo noticia a agência Associated Press.

A Rússia, que apoia o governo de Bashar al-Assad, terá rejeitado a possibilidade da saída do presidente sírio ser um dos requisitos para o início das conversas entre as forças em combate. E embora a resolução estabeleça que devam ser feitas eleições nos próximos 18 meses, não dá qualquer pista relativamente a uma eventual recandidatura ou saída do presidente do país.

O iTele diz ainda que o presidente norte-americano, Barack Obama, reafirmou a necessidade de Bashar al-Assad sair do poder, mas a reinvidicação não consta da resolução aprovada pelos 15 Estados membro do conselho de segurança da ONU. John Kerry já comentou o tema, revelando que “continuam, obviamente, a registar-se diferenças acentuadas” entre os membros do Conselho, dizendo ainda que “se a guerra vai chegar ao fim, é imperioso que o povo sírio concorde com uma alternativa em termos de Governo”.

Segundo o jornal The New York Times, um dos possíveis obstáculos ao processo de paz poderá ser saber que grupos rebeldes participarão nas negociações, dado que não é certo que estes concordem em iniciar as negociações sem a saída de Bashar al-Assad do poder.

A publicação acrescenta ainda que o processo terá sido iniciado perante a vontade do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em chegar a uma posição conjunta com países como a Rússia, o Irão e Arábia Saudita, para definir uma estratégia que ponha fim ao conflito na Síria.