O primeiro-ministro português anunciou esta quarta-feira que se deslocará a Berlim na próxima semana, para um encontro com a chanceler Angela Merkel. No momento em que Portugal e a Comissão Europeia mostram divergências sobre a estratégia orçamental portuguesa, António Costa deixou apenas um tema para a reunião – a crise dos refugiados, questão que levou hoje a Haia, numa reunião com o chefe de Governo que detém a presidência holandesa da União Europeia.

Em declarações aos jornalistas após um almoço de trabalho com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, Costa indicou que foram abordados sobretudo “os temas da presidência” holandesa da União Europeia (UE), com destaque para a crise de refugiados, tendo Portugal manifestado a sua “preocupação” e disponibilidade para ser “uma parte ativa nas soluções”.

“Discutimos a questão dos refugiados e o contributo efetivo que Portugal pode dar para ajudar a resolver um problema que felizmente não nos está a atingir particularmente, e por isso temos maior capacidade de ajudar outros que estão sob pressão”, assinalou.

Por um lado, indicou o primeiro-ministro, Portugal está empenhado na “defesa da fronteira externa da UE”, até porque “é um dos países que tem um dos mais largos segmentos da fronteira externa”.

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“E tal como um dia, se tivermos uma grande pressão sobre a nossa fronteira gostaríamos de receber apoio dos nossos parceiros, estamos obviamente disponíveis e sentimos ser nosso dever colaborar com os nossos parceiros na defesa e proteção das fronteiras que estão a ser particularmente pressionadas”, afirmou.

Em segundo lugar, disse, Portugal manifestou “disponibilidade para colaborar nos ‘hotspots'” (centros operacionais de identificação), pois “o esquema de distribuição dos refugiados pelos países europeus manifestamente não está a funcionar”.

“Portugal disponibilizou, ainda aliás no Governo anterior, receber mais de 4 mil refugiados, e até agora recebemos 26. O primeiro-ministro holandês disse-me que até agora receberam 50 na Holanda. Portanto, é necessário agilizar e encontrar uma boa resposta para este problema”, sustentou.

Nesse sentido, disse, deu conta a Rutte de propostas que o Governo português vai “apresentar bilateralmente a países que estão sob uma tensão interna muito grande”. Designadamente “uma proposta que apresentarei na minha reunião com a senhora Merkel na Alemanha, de forma a podermos cooperar também com esses países, como a Alemanha, como a Itália, como a Suécia, que têm estado sob uma particular pressão na receção dos refugiados”.

António Costa não deu mais detalhes sobre o teor das propostas, tendo fonte do seu gabinete indicado que o encontro com a chanceler, em Berlim, terá lugar a 05 de fevereiro.

Com Rutte, o primeiro-ministro português discutiu ainda dois outros temas. Um que classificou como uma “prioridade para competitividade e crescimento: o apoio ao empreendedorismo, simplificação administrativa e combate à burocracia” e outro a “reavaliação de meio termo das perspetivas financeiras e modernização e reorganização do semestre europeu”, através do qual espera que sejam disponibilizados “instrumentos que, a par dos instrumentos de coesão, visem diretamente atacar os problemas que têm sido os bloqueios estruturais à competitividade portuguesa”.