مرحبا بكم في لشبونة. Esta frase significa “bem-vindo a Lisboa” e é isso que sete pessoas vão ouvir na próxima semana quando chegar a Portugal um contingente com “cerca de 30” refugiados. Provenientes da Eritreia, grande parte destas pessoas vai ser distribuída pelo país, mas sete terão como destino o Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados de Lisboa, inaugurado esta segunda-feira no Lumiar.

Trata-se de uma antiga casa senhorial usada atualmente pela Associação de Deficientes das Forças Armadas onde a Câmara Municipal de Lisboa espera que os refugiados passem uma a duas semanas, enquanto não encontram uma solução de alojamento mais definitiva. Com três pisos, a casa está dotada de salas de estar, salas de formação (para ensino do português e outras informações básicas sobre o país e a cidade), cozinha, bar, salas de enfermagem, sala de oração e quartos. Pode acolher, ao todo, 24 pessoas.

“Não é aqui que eles vão viver, isto é temporário”, lembrou o vereador dos Direitos Sociais da autarquia, João Afonso, que foi o cicerone da visita. Ao longo das várias salas, às quais se acede por corredores estreitos e labirínticos, as indicações estão escritas em português, inglês e árabe, mas a “defesa dos direitos humanos” e a “promoção da inclusão e da não-discriminação” é uma linguagem universal. Foi isso que o vereador destacou na intervenção que fez já no jardim, “um belo jardim” no qual a câmara investiu 20 mil euros e “que será de grande utilidade para as pessoas” que o centro espera receber.

Desejamos, queremos que quem chegue se torne um novo lisboeta”, destacou o vereador. Pouco depois, o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Pedro Delgado Alves, subscrevia: “Mais alfacinhas é coisa que nunca é de mais.”

REFUGIADOS, PRESIDENTE DE CAMARA, Lisboa (distrito),

Os quartos do centro estão prontos para receber famílias inteiras (Fotografia de Manuel de Almeida/Lusa)

Preparado para receber pessoas que chegam sozinhas ou em família, o centro é a resposta a “uma obrigação política, ética e moral”, disse o presidente da câmara, Fernando Medina, que foi crítico da forma como a Europa tem reagido à crise dos refugiados. A resposta europeia, disse, está “extremamente atrasada face à necessidade”, além de em muitos países se verem exemplos do “pior que o ser humano é capaz de fazer a outro”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

À “dor, morte, desolação e desesperança” que os refugiados encontram nos países de origem e em alguns países de acolhimento, Medina contrapõe com o exemplo de Lisboa, uma “cidade moderna, aberta, cosmopolita, fraterna”, onde as pessoas podem “reencontrar um espaço de oportunidade”.

A nossa resistência aos tempos que vivemos é dizer que estamos aqui”, afirmou Medina.

Este centro, que teve um investimento autárquico total de cerca de 140 mil euros, corresponde à primeira fase do Programa Municipal de Acolhimento de Refugiados na cidade de Lisboa, que tem outras duas fases: o acompanhamento — destinada a facilitar o acesso a habitação permanente, saúde e educação — e a integração, mais focada no mercado de trabalho. No total, Lisboa espera receber cerca de 500 refugiados no âmbito da atual crise.