A empresária angolana reage, finalmente, e dispara em todas as direções. Isabel dos Santos diz que não houve qualquer recuo da Santoro – “acordo [com CaixaBank] nunca foi definitivo” – e critica o governo por interferir com o decreto-lei já aprovado para o fim das blindagens dos estatutos na banca. Foi uma “medida historicamente sem precedentes“, diz Isabel dos Santos.

Num longo comunicado divulgado nesta terça-feira, a Santoro Finance diz que a aprovação do decreto-lei foi “declaradamente parcial” e que “favorece uma das partes no momento em que estas se encontravam em pleno processo negocial“.

Isabel dos Santos diz que, no dia 10 de abril, véspera do prazo-limite dado pelo BCE, não houve “acordo definitivo” mas, sim, “princípios de entendimento“. Seriam esses princípios de entendimento que “deveriam ter sido consolidados num documento a ser assinado por ambas as partes durante a semana seguinte”.

No entanto, existiam ainda assuntos pendentes que deveriam ser solucionados, em relação aos quais o CaixaBank recusou, dias depois, a sua formalização, nomeadamente a questão relacionada com a liquidez dos acionistas do BPI”.

O acordo entre Santoro e CaixaBank nunca foi finalizado. E, porque nunca foi finalizado, é falso ter existido qualquer quebra do acordo da parte da Santoro”, diz a empresa de Isabel dos Santos.

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A empresária confirma que um dos “pontos críticos” sobre os quais acabou por não haver acordo está relacionado com um spin off (autonomização) do Banco Fomento Angola (BFA), “o qual implicaria necessariamente a admissão à cotação do BFA na Euronext Lisboa ou noutra bolsa, uma vez que todos os acionistas, incluindo os minoritários do BPI, receberiam ações do BFA”.

Este era um pontoinegociável“, diz a Santoro, reconhecendo que foi um tema de “constante fratura com o CaixaBank“. Além disso, Isabel dos Santos revela que surgiram “várias questões relacionadas com as autorizações do Banco Nacional de Angola (BNA) para a exportação de divisas e acusa o CaixaBank de exigir coisas como o pagamento imediato de dividendos de 2014 e 2015 do BFA.

Isabel dos Santos refuta, também, “categoricamente, qualquer associação do desfecho das negociações referidas a temas relacionados com o Banco BIC”. Ainda assim, a empresária confirma que “a equipa de gestão do BIC aparece, agora, posta em causa”. Foi a mesma, diz Isabel dos Santos, que resgato o BPN em 2012, salvando mais de 1.100 postos de trabalho.

O problema “criado pelo BCE” continua, no entanto, por resolver”. Mas Isabel dos Santos garante: “Mantemos a nossa intenção de conduzir este processo de forma a responder aos interesses de todas as partes envolvidas, respeitando sempre os princípios da idoneidade e transparência”.