Gay Talese, jornalista da New Yorker, recebeu uma carta anónima em janeiro de 1980 do proprietário do Manor House Motel, no estado norte-americano do Colorado, onde contava que tinha comprado o motel para poder satisfazer a sua fantasia de voyeur. 36 anos depois, Talese vai publicar um livro em que conta a história de Gerald Foos, conta a BBC Mundo.

O livro só vai ser lançado este ano porque só agora Foos deu autorização para que a sua identidade fosse revelada. A carta revelava que espiava os clientes através de falsas condutas de ventilação que davam acesso a um sótão. O proprietário do motel foi tomando notas do que viu ao longo dos anos e algumas histórias parecem saídas de um filme.

Os relatos incluem descrições pormenorizadas de relações extraconjugais, relações homossexuais e orgias. Gerald Foos era seletivo nos clientes e dava preferência a casais novos e atraentes. As notas que entregou ao jornalista descreviam extensamente os clientes que por lá passavam. O proprietário agia com o consentimento e ajuda da sua mulher.

O livro descreve também o envolvimento de Foos num homicídio. Ao ter reparado que um casal que estava hospedado no motel traficava droga a partir daquele quarto, Gerald esperou que saíssem e destruiu a droga que guardavam na sua propriedade. Quando regressaram ao quarto, o homem culpou a mulher pelo desaparecimento das substâncias e estrangulou-a. O dono do motel assistiu à cena e tomou nota do sucedido, mas nunca o denunciou porque o seu esquema seria também exposto.

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Desde que a revista New Yorker publicou um excerto da obra, que deve ser lançada em junho, várias críticas foram tecidas ao rigor da investigação e ao comportamento ético do jornalista. Talese foi convidado por Gerald Foos a visitar o sótão onde espiava os clientes e terá assistido a uma cena de sexo oral entre um casal. Teve ainda conhecimento de um homicídio que não reportou às autoridades. O jornalista diz que não o fez para proteger a sua fonte.

O próprio autor do livro diz que não pode garantir que todos os relatos são reais e apontou ainda algumas incoerências na história. Exemplo disso é o facto de os relatos começarem em 1966 e os registos mostrarem que o motel só foi comprado em 1969.

O livro ainda nem foi publicado e já há um acordo para levar a história ao grande ecrã. O realizador inglês Sam Mendes, responsável por filmes como Beleza Americana e Skyfall, já mostrou interesse na história e deverá transpô-la para o cinema.