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Jo Cox "só queria fazer o que estava certo"

Este artigo tem mais de 5 anos

Era uma das deputadas mais promissoras do parlamento e nunca hesitou em ir contra o seu próprio partido. A grande preocupação da deputada assassinada eram as questões humanitárias.

Jo Cox morreu esta quinta-feira, baleada e esfaqueada, com 41 anos de idade
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Jo Cox morreu esta quinta-feira, baleada e esfaqueada, com 41 anos de idade

AFP/Getty Images

Jo Cox morreu esta quinta-feira, baleada e esfaqueada, com 41 anos de idade

AFP/Getty Images

“O início de um novo capítulo das nossas vidas. Mais difícil, mais doloroso, menos alegre, menos cheio de amor.” Foi assim que Brendan Cox, marido da deputada trabalhista Jo Cox, descreveu o momento que está a viver com os dois filhos, Lejla e Cuillin.

Assassinada esta quinta-feira, com 41 anos, Helen Joanne Cox era já “largamente considerada uma das deputadas mais promissoras do parlamento que iniciou funções em 2015”, lembra o The Guardian.

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Mas nem sempre teve uma vida política ativa. O Telegraph recorda que, antes de ser eleita para o parlamento, Cox “passou uma década a trabalhar em algumas das zonas de guerra mais perigosas do mundo”. Quando chegou à Câmara dos Comuns, criou, e liderava, um grupo parlamentar composto por deputados de todos partidos dedicado ao conflito na Síria. Ficou rapidamente conhecida como o rosto de várias lutas humanitárias no parlamento britânico. “A grande paixão dela na política era ajudar as pessoas mais pobres do mundo”, lembra o deputado Andrew Mitchell.

Jo Cox contou ao jornal Yorkshire Post no ano passado que esteve “em algumas situações horríveis em que mulheres foram violadas repetidamente no Darfur”. E recordou outros episódios: “Estive com crianças-soldado a quem deram Kalashnikovs e que mataram membros da própria família no Uganda. No Afeganistão, falei com idosos que estavam fartos da falta de atenção do seu próprio governo e da comunidade internacional para impedir os problemas. Foi isso que a experiência me ensinou — se ignorares um problema, ele fica pior”.

[Veja aqui o vídeo da primeira intervenção de Jo Cox no Parlamento]

Apesar de ser do Partido Trabalhista, que era contra a intervenção na Síria, Jo Cox foi a favor daquela acção militar, invocando preocupações humanitárias. Quando escreveu um artigo em conjunto com o antigo secretário para o desenvolvimento internacional, Andrew Mitchell, foi atacada pelo seu próprio partido por estar lado a lado com um membro do Partido Conservador.

A relação com o partido não foi sempre fácil — Cox entrou várias vezes em conflito com o atual líder, Jeremy Corbyn. “Fraca liderança, discernimento pobre e um sentido de prioridades errado criaram distrações atrás de distrações e impediram-nos de fazer passar a nossa mensagem”, escreveu Cox num artigo no The Guardian, mostrando-se arrependida por ter apoiado inicialmente Corbyn. Numa entrevista ao The Independent, acusou o líder dos trabalhistas de não conseguir atrair votos para a campanha do “Remain” (movimento pela manutenção do Reino Unido na União Europeia), e disse que se o Reino Unido sair da UE, Corbyn terá de ser responsabilizado.

O The Guardian recorda que a deputada era uma feminista convicta, que liderou a Labour Women’s Network (LWN), rede que pomove a eleição de mais mulheres no Partido Trabalhista. Na página da LWN, lê-se que Jo Cox “era uma incansável e corajosa militante pelos marginalizados e sem voz”.

“Uma força da natureza”

Nascida em 1974, em Batley, Yorkshire, estudou em Cambridge, e passou os verões “a empacotar pasta de dentes” na fábrica em que o pai trabalhava. Sobre a universidade, disse que não foi a sua melhor experiência. “Onde tu nasceste interessava. A maneira como falavas interessava. Quem conhecias interessava. Eu não falava bem nem conhecia as pessoas certas.”

A própria admitiu que esse tempo em Cambridge a levou a entrar no Partido Trabalhista. No fim do curso, juntou-se à Oxfam na luta contra a pobreza, antes de chegar à LWN e se tornar a líder nacional. Depois de Mike Wood, o deputado que representava o círculo eleitoral de Batley and Spen, ter saído do parlamento, Cox foi selecionada para disputar o lugar. Venceu e aumentou a maioria do Partido Trabalhista em 2.000 votos.

O deputado conservador Andrew Mitchell descreve-a, num texto no Telegraph, como “uma força da natureza”. A amizade entre os dois deputados começou numa altura em que o Partido Conservador defendia a intervenção militar na Síria, a que o Partido Trabalhista se opunha. Mitchell recorda que Cox “só queria fazer o que estava certo”.

“Muita gente na situação dela teria estado relutante em trabalhar com um velho conservador como eu, mas ela não quis saber”, lembra Mitchell. “A Jo era a última deputada que poderíamos dizer que alguma vez estava em risco, porque era uma pessoa amável e simpática”, acrescenta.

Jo Cox deixa um filho e uma filha, e um legado de preocupação humanitária no parlamento inglês. Mitchell lamenta: “Aquilo em que é mais difícil pensar é nos seus dois adoráveis filhos. Eles viriam à Portcullis House [edifício que tem os gabinetes dos deputados] beber chá com a mãe. E ela agora não está cá”.

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