O segundo trimestre de 2016 foi o primeiro, desde 2011, em que a Opel/Vauxhall registou lucros, em boa parte graças ao desempenho do novo Astra, que contribuiu decisivamente para um EBIDTA (resultado antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) de 100 milhões de dólares (cerca de 91 milhões de euros) no período entre Março e Junho deste ano. Resultado que tendia a confirmar o objectivo da divisão europeia da General Motors de, pela primeira vez desde 1999, alcançar um resultado positivo da sua operação no final do ano.

Agora, esta meta poderá ser bem mais difícil de atingir, devido ao Brexit e à desvalorização da libra daí resultante, o que levou a marca a anunciar já a eventualidade de enveredar por uma redução de custos na ordem dos 400 milhões de dólares (cerca de 365 milhões de euros), para fazer face às desfavoráveis flutuações cambiais da moeda britânica.

Num vídeo publicado na sua conta do Twitter, o CEO da Opel, Karl-Thomas Neumann deu a entender que os cortes vão mesmo ser necessários: “De momento, enfrentamos fortes ventos desfavoráveis, especialmente no nosso maior mercado – o Reino Unido. A decisão do Brexit não é um bom augúrio. Por isso, a segunda metade deste ano vai ser tudo menos fácil.”

Por seu turno, o CFO da marca, Chuck Stevens, afirmou que tudo está em cima da mesa em termos de opções para mitigar os custos adicionais resultantes da decisão do povo britânico. Incluindo alterações nos locais de produção dos seus modelos.

Um estudo levado a cabo pelos especialistas da LMC Automotive concluiu que, de todos os fabricantes que produzem automóveis no Reino Unido, a GM era a que maior probabilidade tinha de transferir as suas operações para o continente europeu, caso os custos de produção aumentassem em consequência da decisão do Reino Unido abandonar a União Europeia. A LMC Automotive sugere até que o encerramento da fábrica da Ellesmere Port, onde o Astra é produzido há 37 anos, poderá ocorrer em 2021, quando chegar ao mercado uma geração completamente nova do “best-seller” da Opel. Isto porque os Astra aí produzidos montam motores provenientes de fábricas instaladas na Europa continental, e a desvalorização da libra face ao euro tornou mais dispendiosa a importação de componentes.

Este cenário contrasta com as declarações proferidas por Dieter Zetsche na passada semana, já que o CEO da Daimler não espera que o Brexit tenha qualquer impacto na procura pelos modelos da Mercedes-Benz no Reino Unido.

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